Haddad muda o tom sobre meta de déficit zero, e joga responsabilidade ao Congresso

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Durante sua visita à capital americana esta semana, o Ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, indicou que as discussões com o Congresso acerca da agenda econômica estão apresentando progressos, embora não tenha fornecido maiores detalhes sobre o assunto. Em um encontro com a imprensa na quarta-feira (17/4), quando questionado sobre a promessa de zerar o déficit fiscal até 2024, Haddad comentou esperançosamente sobre a recente evolução no diálogo com o legislativo: “Vocês estão acompanhando. Houve uma evolução positiva ontem nas negociações. Vamos torcer para que tudo dê certo”, disse ele.

O compromisso em busca de um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 tinha sido reafirmado pelo governo na última segunda-feira (15/4). Em sequência, foi apresentado o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2025, estabelecendo uma meta fiscal ambiciosa de déficit zero para o ano seguinte, mantendo a mesma meta já estabelecida para o corrente ano.

Esta postura sinaliza prudência por parte da administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), revelando uma extensão do período de ajuste fiscal. A efetivação da meta de déficit zero para este ano ainda depende da aprovação de várias propostas tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.

As alterações nas metas fiscais não foram bem vistas pelo mercado financeiro. O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, que também se encontra nos Estados Unidos, expressou preocupações dizendo que mudanças nas metas fiscais complicam o trabalho do Banco Central, levando a um encarecimento da política de juros.

Campos Neto destacou a importância da congruência entre as políticas fiscal e monetária, afirmando: “Se houver a percepção de que não há uma âncora fiscal, a política monetária sofre, necessitando compensar com custos maiores.” Questionado sobre o comentário de Campos Neto, Haddad evitou adentrar no mérito da declaração, justificando que não tinha lido o contexto das palavras do presidente do Banco Central nem se encontrado com ele naquele dia.

Em sua última assembleia, em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. O próximo encontro está agendado para os dias 7 e 8 de maio. A expectativa é de que seja anunciado outro corte de juros na mesma proporção para a reunião de maio, mas o Copom já sinalizou que pode pausar essa tendência de cortes na junção de junho.

 Foto: Pedro Gontijo/Senado Federal

Fonte : Metrópoles