Aumento de Verbas Publicitárias da Globo revela mudança de postura de Lula após anos de confronto
Em uma reviravolta que marca uma nova era nas relações entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Rede Globo, análises apontam uma notável amenização das hostilidades históricas. Lula, que até 2021 identificava a emissora como um de seus principais antagonistas na mídia, parece ter transformado essa percepção. No ano de 2023, o governo Lula direcionou cerca de R$ 142 milhões para a Globo e suas afiliadas em verbas de publicidade, um aumento de 60% comparado aos valores investidos no último ano da administração de Jair Bolsonaro, segundo dados publicados pelo ‘Poder 360’.
Embora o investimento ainda esteja aquém da média anual de R$ 588 milhões registrada em seus primeiros mandatos, de 2003 a 2010, o aporte expressivo da verba publicitária evidencia uma significativa mudança de postura, sinalizando um possível armistício na relação tempestuosa entre Lula e a principal emissora de TV do Brasil. Vale recordar que, em 2019, durante uma entrevista na Rede TVT, o petista não poupou críticas à Globo e seus personagens de destaque, como os Marinho e Ali Kamel, declarando intenções de protestar na frente da emissora e exigir um pedido de desculpas de William Bonner por reportagens que ele considerou tendenciosas.
Após ser libertado, Lula abrandou o discurso hostil e, em uma entrevista ao vivo no ‘Jornal Nacional’ durante a campanha eleitoral de 2022, demonstrou uma postura diplomática, contrariando as expectativas de confronto e, posteriormente, chegando até a elogiar Bonner publicamente.
No entanto, uma divisão aparente na cobertura jornalística pode ser notada. Enquanto o ‘Jornal Nacional’ e outras atrações da emissora aberta adotam uma linha mais amistosa, no canal por assinatura GloboNews, âncoras e comentaristas mantêm uma crítica mais acentuada ao governo, destacando a comunicação governamental e afirmações controversas do presidente. Essa diferença no tom dos dois braços da Globo pode ser percebida como um estratégico jogo de influências, considerando a menor repercussão do canal de notícias dada a sua audiência significativamente menor frente ao sinal aberto.
Curiosamente, a aproximação parece ter alcançado também níveis pessoais, como evidenciado pela interação de jornalistas da GloboNews com a primeira-dama Janja da Silva, apontada como influente no círculo íntimo do presidente.
Diante deste cenário, emerge a dúvida que ressoa entre os observadores e milhões de brasileiros: por quanto tempo essa aparente paz durará? A resposta continua pendente, enquanto a nação assiste ao desdobramento dessa trégua politicamente carregada entre Lula e a Globo.