Relator de processo contra Janones no Conselho de Ética, Boulos alegou que caso de rachadinha aconteceu antes do atual mandato
**Processo de “rachadinha” contra André Janones pode ser arquivado, indica relator Guilherme Boulos
Guilherme Boulos, (pré-candidato a prefeito de São Paulo) relator no Conselho de Ética da Câmara, sugeriu o arquivamento do processo que acusa André Janones de envolvimento em rachadinha. A deliberação sobre o seu relatório foi interrompida pelo pedido de vistas dos deputados Alexandre Leite e Cabo Gilberto.
A acusação contra Janones se baseia em uma gravação de 2019, onde ele solicita uma parte dos salários de seus servidores, a fim de recuperar seu patrimônio, prejudicado em campanhas eleitorais anteriores. Boulos defendeu que o incidente ocorreu antes de Janones assumir o mandato atual em 2023, portanto fora da alçada do Conselho de Ética. “Em resumo, a representação está desprovida de justa causa porque não havia decoro parlamentar sem um mandato em vigor,” explicou Boulos. Ele reiterou que cabe à justiça tratar do caso fora do âmbito do Conselho.
Alexandre Leite contestou esse argumento, citando um precedente em que infrações anteriores ao mandato podem ser punidas se até então desconhecidas e classificadas como crimes na época. “**Se esse crime ocorreu antes da eleição de 2022 e não havia sido divulgado, atravessamos um processo eleitoral onde o eleitorado escolheu um representante sem ciência do ato criminoso. E esse ato envolve uma gravação onde Janones praticamente admite a culpa. Se os atos ofendem a honra do parlamento, então estão sujeitos a punição,” declarou Leite.
Em defesa, Janones afirmou que as transações eram “contribuições espontâneas” e denunciou estar sofrendo “perseguição política”. Ele descreveu as alegações de rachadinha como fundamentadas em um áudio manipulado e fora de contexto, atribuindo as denúncias a estratégias de um grupo político interessado em se fortalecer eleitoralmente. Durante a sessão do Conselho de Ética, Janones fez uma nova declaração insistindo que estava sendo alvo de uma grande armação.
Janones também justificou ao Conselho de Ética que as solicitações financeiras aos servidores eram justas, considerando suas perdas financeiras precedentes. “Não vejo isso como corrupção, mas como uma forma justa de compartilhar os custos da reconstrução do que foi perdido,” alegou Janones, propondo inclusive uma espécie de coleta de fundos entre os servidores para financiar futuras campanhas eleitorais.