Papa Francisco, pede desculpa por dizer que os seminários estão cheios de “gays”

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O Vaticano emitiu um pedido de desculpas após o vazamento de uma conversa particular do Papa Francisco com bispos, em que ele utilizou termos depreciativos em relação à comunidade LGBTQIA+. Durante um encontro da Conferência Episcopal Italiana (CEI), o pontífice argentino mencionou que os seminários estavam muito cheios de “frociaggine”, um termo pejorativo que pode ser traduzido como “viadagem” ou “bichice”.

Na nota oficial, o Vaticano esclareceu que Francisco não tinha a intenção de usar linguagem homofóbica e pediu desculpas a qualquer pessoa que tenha se sentido ofendida. “O papa Francisco está ciente dos artigos publicados recentemente sobre uma conversa, a portas fechadas, com os bispos da CEI. […] Como afirmou em diversas ocasiões, ‘na Igreja há lugar para todos, para todos! Ninguém é inútil, ninguém é supérfluo, há lugar para todos. Tal como somos, todos nós’”, diz o comunicado.

O comentário foi feito durante uma reunião a portas fechadas com os bispos. Nos bastidores, o papa teria reforçado que pessoas gays não deveriam ser autorizadas a se tornarem padres. “O papa nunca teve a intenção de ofender ou de se expressar em termos homofóbicos e pede desculpas àqueles que se sentiram ofendidos pelo uso de um termo relatado por outros,” reforça a nota.

O encontro ocorreu no dia 20 de maio, e o site de fofocas políticas Dagospia foi o primeiro a divulgar as declarações. Internamente, existe a suspeita de que bispos que discordam da liderança de Francisco estejam conduzindo uma campanha contra ele em sites desse tipo.

O jornal romano Il Messaggero, que defende o papa argentino, comentou sobre o possível conflito. “É tudo culpa de algum bispo que quebrou o seu mandato de silêncio para denunciar a gafe que ocorreu na semana passada”, relatou a publicação.

Desde o início de seu papado, o papa de 87 anos tem se mostrado mais acolhedor com comunidades LGBTQIA+ e casais em segunda união. “Se uma pessoa é gay e busca a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?”, declarou em 2013, após retornar do Brasil, onde participou da Jornada Mundial da Juventude. No entanto, em 2018, Francisco pediu aos bispos italianos que analisassem cuidadosamente os candidatos ao sacerdócio para rejeitar qualquer um que fosse suspeito de ser gay.