Mato Grosso foi o estado que apresentou o maior índice de mortes no trânsito do Brasil causadas pela ingestão de álcool ao volante. O estudo, realizado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), baseou-se em acidentes registrados em 2022. O levantamento mostrou que o estado teve uma taxa de mortalidade de 10,6 por 100 mil habitantes, seguido de perto por Tocantins, com 10,3 óbitos a cada 100 mil habitantes.
Levando em consideração o gênero, os homens foram a maioria entre os mortos, com 337 óbitos, enquanto entre as mulheres foram registradas 44 mortes. A doutora em sociologia e coordenadora do CISA, Mariana Thibes, explicou que essa diferença de gênero é histórica e está associada à construção da masculinidade no Brasil.
“Muitos homens acreditam que consumir bebida alcoólica não vai afetar a capacidade deles de conduzir um veículo, e alguns até associam isso à força. Existe essa crença por trás desse comportamento, que é um grande mito. A ciência mostra que qualquer dose de álcool já é capaz de afetar os reflexos do condutor”, disse.
Segundo Mariana, esse era um hábito prevalente entre homens de uma faixa etária mais jovem, entre 18 a 34 anos. No entanto, os dados mais recentes apontam que houve uma mudança, e esse comportamento passou a ser mais comum entre homens de 35 a 54 anos.
Lei Seca
O Brasil possui uma das legislações mais rigorosas do mundo sobre o consumo de álcool e direção de veículos automotores. Dirigir sob efeito de álcool em qualquer quantidade é considerado crime no país.
A Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008, conhecida como Lei Seca, foi aperfeiçoada ao longo dos anos. Ela estabelece tolerância zero para a presença de álcool no sangue de condutores e prevê punições que vão de multas à prisão, especialmente em casos de acidentes que resultem em homicídio culposo ou lesão corporal.