Corpo do líder do Hezbollah é encontrado intacto em Beirute

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Foto: Divulgação

JERUSALÉM, ISRAEL (FOLHAPRESS) – O corpo do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi encontrado intacto nos escombros do QG do grupo fundamentalista libanês. O local foi bombardeado por Israel na sexta (27), fazendo eclodir uma nova fase na guerra que engolfa o Oriente Médio há quase um ano.

O relato divulgado pela agência Reuters e pela mídia israelense indica que Nasrallah, cuja morte foi confirmada no sábado (28), pereceu devido à onda de choque das explosões em seu abrigo subterrâneo no sul libanês.

Israel diz que outros 20 comandantes de diversos escalões do Hezbollah também foram mortos na ação. Nos seis prédios destruídos acima, o governo libanês contou seis mortos e quase cem feridos.

O funeral do líder deve ser na segunda (30). Sua morte ocorreu com o emprego maciço de bombas destruidoras de bunkers americanas, as BLU-109.

A arma pesa ao todo 910 kg, sendo que 250 kg são do explosivo tritonal, uma composição de 80% de TNT com 20% de pó de alumínio. Ela é equipada com um kit de guiagem inteligente para as chamadas “bombas burras”, uma inovação americana dos anos 1990 que está sendo amplamente empregada pela Rússia na Ucrânia.

A bomba não explode no impacto, e sim penetra a usual camada grossa de concreto armado que protege bunkers. Uma vez lá dentro, explode, valendo-se do espaço fechado para amplifica sua onda de choque.

As BLU-109 são usadas por Israel, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Paquistão, Austrália e outros 11 países da Otan, a aliança militar liderada por Washington, inclusive, claro, os EUA.

Vídeos divulgados pela Força Aérea de Israel com detalhes do ataque mostraram ao menos 16 bombas sendo levadas por oito caças F-15 do país. As imagens disponíveis do ataque em si, feitas por moradores de Beirute, mostravam impactos bastante próximos.

Isso sugere que Israel sabia exatamente onde jogar os armamentos, o que leva a outra questão: o quão infiltrado está o Hezbollah, seja pela inteligência israelense, seja por interessados em ajudá-la por motivos de disputa de poder. Na semana retrasada, isso havia ficado patente com o ataque com pagers e walkie-talkies usados pelo grupo.

Agora, a posição exata de um alvo que Tel Aviv vinha querendo matar havia 32 anos, desde que Nasrallah assumiu o poder no grupo.

O caso traz ecos do assassinato em Teerã do líder do Hamas, que iniciou a atual guerra, Ismail Haniyeh. Ele foi morto por uma explosão não explicada na capital iraniana, enquanto visitava como convidado a posse do novo presidente do país, Masoud Pazeshkian.

Em abril, o antecessor do líder, Ebrahim Raisi, havia morrido num acidente de helicóptero. Os recentes incidentes envolvendo seu sucessor e seus aliados faz levantar as orelhas de quem suspeitava de que havia algo mais do que mau tempo no incidente.

Fonte: Folha de São Paulo