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Elon Musk vs Bill Gates: Como o mundo da tecnologia se divide entre as eleições americanas

Candidatos esperam o fim das eleições para saber quem será o novo presidente dos EUA Foto: Alex Brandon/AP

Na corrida presidencial dos Estados Unidos de 2024, as divisões no Vale do Silício, região que abriga os principais nomes da tecnologia no mundo, refletem a polarização da política no país. Embora Kamala Harris, vice-presidente e candidata do Partido Democrata, atrai o apoio de uma parte significativa dos bilionários e investidores da indústria tecnológica, como Bill Gates, outros grandes do setor, como Elon Musk, estão se posicionando ao lado do ex-presidente Donald Trump, que concorre pelo Partido Republicano.

O Vale do Silício, historicamente identificado com o Partido Democrata, vem apresentando uma nova divisão de forças, com grandes nomes como Musk, Marc Andreessen e David Sacks manifestando publicamente seu apoio a Trump. Musk, em particular, que adquiriu a plataforma de mídia social X (antigo Twitter), tornou-se um dos maiores defensores de Trump, utilizando a rede social para propagar suas opiniões políticas.

De acordo com analistas, o bilionário utiliza sua influência digital não apenas como uma ferramenta de negócios, mas também como um instrumento para moldar o debate político, adotando uma postura ativa e combativa nas redes sociais.

A divisão política entre os titãs da tecnologia é acentuada pelas doações de campanha. Dados mostram que funcionários de empresas como AmazonGoogle (via Alphabet) e Microsoft têm doado milhões para a campanha de Harris, contrastando com doações significativamente menores para Trump. Funcionários da Alphabet, por exemplo, contribuíram com mais de US$ 2 milhões para Harris, enquanto as doações para Trump não passaram de US$ 50 mil.

Mas afinal, quem apoia quem nessa eleição? Confira como alguns nomes do setor de tecnologia se dividem nas eleições americanas.

Quem apoia Kamala Harris?


Kamala Harris assumiu o posto de candidata à presidência após desistência de Joe Biden | Foto: Gabrielle Lurie/AP

Kamala Harris conta com o apoio de um dos ‘pesos pesados da indústria tecnológica. Bill Gates doou cerca de US$ 50 milhões (R$ 284 milhões) para campanha de Kamala Harris, segundo informações do New York Times.

A doação foi planejada para ser mantida em segredo. Gates, um dos fundadores da Microsoft, não declarou publicamente apoio à Kamala, e tal doação representaria uma mudança significativa em sua estratégia, que anteriormente o mantinha longe de contribuições como essa. Sua ex-esposa, Melinda Gates, doou mais de US$ 13 milhões a grupos que apoiam a campanha presidencial da vice-presidente, fez com que sua equipe conversasse com os assessores de Kamala sobre um evento conjunto e defendeu publicamente o direito ao aborto, uma questão que ela minimizou durante décadas por ser politicamente muito complicada.

Outros nomes importantes também endossaram apoio a democrata como Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn, e Mark Cuban, bilionário, dono do Dallas Mavericks e estrela do programa Shark Tank. Hoffman, um doador tradicional do Partido Democrata, não demorou a endossar a candidatura de Harris após o presidente Joe Biden anunciar sua decisão de não buscar a reeleição.

O cofundador do LinkedIn, que já havia apoiado Biden financeiramente, agora direciona seus recursos para impulsionar a campanha de Harris, acreditando que ela representa uma continuidade das políticas econômicas progressistas e de inovação que favorecem o desenvolvimento tecnológico.

Outro grande nome que se alinhou com Harris é Vinod Khosla, cofundador da Sun Microsystems e investidor da OpenAI. Khosla é conhecido por suas posições contrárias às de Musk, particularmente no que diz respeito a valores éticos e políticas de inclusão. Em uma troca pública de mensagens no X, Khosla criticou Musk por apoiar um candidato com “nenhuma moralidade”. Khosla destacou que sua escolha por Harris é baseada em sua crença em políticas que promovem crescimento econômico, inovação tecnológica e combate às mudanças climáticas.

A campanha de Harris também recebe respaldo financeiro e institucional de figuras como Steve Wozniak, cofundador da Apple, e Ron Conway, investidor de risco da SV Angel. Conway, que sempre foi um doador de longa data para causas democratas, destacou que Harris possui a habilidade de unir diferentes grupos para resolver problemas complexos, o que a torna a escolha certa para a presidência, especialmente em tempos de incerteza econômica e política. Wozniak, por sua vez, já havia expressado anteriormente sua insatisfação com Trump, rotulando-o como uma pessoa “rude” e contrária aos seus princípios pessoais.

Quem apoia Donald Trump?


Donald Trump tenta a reeleição após derrota nas eleições de 2020 | Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Musk tem companhia em seu apoio ao candidato Republicano. Entre eles estão Bill Ackman, diretor executivo da Pershing Square Capital Management que ajudou Musk a comprar o Twitter, e David Sacks, sócio geral da Craft Ventures deram suas contribuições financeiras à campanha de Trump. Musk, que doou aproximadamente US$ 75 milhões para um Super PAC pró-Trump, tem sido uma força motriz nas tentativas de reeleição do ex-presidente. Outros nomes de peso, como a herdeira e filantropa Miriam Adelson, também direcionaram suas doações a Trump, com Adelson contribuindo com US$ 95 milhões para o esforço de campanha republicano.

Além deles, Richard Uihlein, magnata do setor de embalagens, contribuiu com US$ 49 milhões para o Restoration PACO. O ex-executivo da Marvel, Ike Perlmutter, e sua esposa, Laura, também demonstraram seu apoio a Trump com uma doação de US$ 5 milhões para o super PAC Right for America.

Outros nomes como Marc Andreessen e Ben Horowitz cofundadores da Andreessen Horowitz ou a16z, também fizeram uma contribuição doando cada um $2,5 milhões para o PAC “Direito para a América”. A dupla ajudou a financiar diversos companhias importantes do setor de tecnologia, incluindo o Facebook. Em julho, durante um episódio do podcast The Ben & Marc Show, Andreessen criticou o plano de Joe Biden de taxar ganhos de capital não realizados, citando-o como um fator decisivo para seu apoio a Trump.

Quem é neutro?


Mark Zuckerberg decidiu se manter neutro durante as eleições até agora | Foto: Anthony Quintano/Anthony Quintano/Creative Commons

Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, e Mark Zuckerberg, CEO da Meta, não manifestaram preferência pública. Warren Buffett, CEO do conglomerado Berkshire Hathaway, embora tenha se declarado democrata em 2020, mantém silêncio nesta eleição. Outros nomes importantes como Larry Page e Sergey Brin, donos da Google, Sam Altman, CEO da OpenAITim Cook, CEO da Apple e Jeff Bezos, Ex-CEO da Amazon, também não manifestaram seu apoio.

Segundo o New York Times, após anos de pressão dos republicanos, que o acusaram de favorecer indevidamente os democratas, Mark Zuckerberg, procurou se livrar da percepção de influência política.

“Meu objetivo é ser neutro e não desempenhar um papel de uma forma ou de outra – ou mesmo parecer estar desempenhando um papel”, escreveu Zuckerberg em uma carta ao deputado republicano Jim Jordan no mês passado. Zuckerberg disse que a Meta resistiria à pressão do governo sobre a moderação de conteúdo, e que ele e sua esposa, Priscilla Chan, não retomariam as doações anteriores a um projeto de infraestrutura eleitoral apartidário que os republicanos atacaram como sendo a serviço dos democratas no ciclo eleitoral de 2020.

Já Warren Buffett, soltou um comunicado dizendo que sua companhia recebeu inúmeras alegações falsas relacionando o bilionário com as eleições em uma tentativa de lucrar com a sua reputação e que se manteria neutro neste momento. O posicionamento de Buffett foi motivado após um falso endosso político que ganhou repercussão no Instagram, segundo informações da CNBC.

“À luz do aumento do uso das redes sociais, surgiram inúmeras alegações fraudulentas sobre o suposto endosso do Sr. Buffett a produtos de investimento, bem como seu apoio a candidatos políticos. O Sr. Buffett atualmente não apoia e não apoiará, no futuro, produtos de investimento nem candidatos políticos”, informou a Berkshire Hathaway em seu site.

Fonte: Estadão

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