Produção de biocombustível aquece mercado do milho em MT

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Foto: Joabe Amorim

Estima-se que a produção brasileira de milho destinada à produção de etanol alcance cerca de 30 milhões de toneladas em 2025. Considerando a produção total de milho no país, essa parcela corresponde a cerca de 25%. A projeção otimista foi apresentada pelo consultor financeiro Jeferson Souza, durante o painel de abertura da quinta edição do Encontro Técnico do Milho, realizado pela Fundação de Apoio e Pesquisa de Mato Grosso (Fundação MT), nos dias 28 e 29, em Cuiabá.

Segundo Jeferson Souza, para a safra atual, o cenário para a produção de milho é mais promissor do que no ano passado. “O aumento nos preços do milho aliados a uma lucratividade mais interessante deixa o cenário do cereal favorável para os produtores mato-grossenses. No entanto, a decisão de expandir a área da segunda safra também dependerá de fatores como as condições climáticas durante a janela de plantio. Se as condições forem favoráveis, é possível que observemos um aumento considerável na área cultivada com milho na segunda safra de 2024″, observou o consultor financeiro.

A alta produtividade do milho em Mato Grosso tem impulsionado significativamente a produção de etanol no estado, consolidando-o como um dos principais polos do cereal no país. De acordo com dados do Bioind MT e do IMEA, a safra 2023/24 foi recorde, com 43,8 milhões de toneladas produzidas, representando 38% da produção nacional. A moagem de milho para a produção de etanol também atingiu um novo patamar, com um crescimento de 37,86% em relação ao ano anterior.

Investimentos e perspectivas promissoras – O cenário positivo do mercado de milho tem atraído grandes investimentos para o setor. A ALD Bioenergia Deciolândia, por exemplo, anunciou um investimento de R$ 1 bilhão para triplicar sua capacidade produtiva em Mato Grosso até 2026.

“A empresa enxerga um grande potencial de crescimento, tanto no mercado interno quanto no mercado externo, impulsionado pela crescente demanda por biocombustíveis e pela produção de DDG (Dried Distillers Grains with Solubles), um subproduto da produção de etanol utilizado na alimentação animal”, explicou o diretor executivo da ALD Bioenergia Deciolândia, Marco Orozimbo.

Outras empresas do setor, como a FS, também compartilham do otimismo. A empresa prevê um aumento significativo na moagem de milho para a produção de etanol no próximo ano e destaca a importância de continuar agregando valor ao grão e ao ecossistema do agronegócio.

“Todos os anos a FS investe na sua capacidade produtiva, então sempre se tem investimentos de como conseguimos produzir mais dentro das otimizações das nossas plantas. E seguiremos no próximo ano focados nessas otimizações, aumentando a nossa capacidade produtiva e entendendo o cenário de mercado futuro e avaliar se aceleramos ou não as nossas expansões”, afirmou o diretor comercial da FS, Victor Trenti.

Produtor otimista e planejamento estratégico – O produtor de milho mato-grossense está otimista com as perspectivas para a próxima safra. O IMEA estima um aumento de 10,03% na produção total de etanol em 2024/2025, com o milho representando a maior parte desse volume. 

No entanto, é fundamental que os produtores adotem um planejamento estratégico para garantir a rentabilidade da produção. Apesar do otimismo, o produtor rural Marcelo Vankevicius, que possui uma área de aproximadamente 5 mil hectares em Itiquira-MT, prefere manter uma postura mais conservadora em relação a investimentos. 

“Tradicionalmente, nossa produção não era focada em híbridos de milho de alta produtividade. No entanto, com o crescimento da demanda por milho para a produção de etanol e a utilização do DDG, estamos revendo essa estratégia. A partir de agora, vamos investir mais em cultivares de alto rendimento e até mesmo considerar o plantio de milho na safrinha”, afirmou o produtor.

V Encontro Técnico do Milho – Durante os dias 28 e 29 de novembro, o evento será conduzido por pesquisadores da Fundação MT, especialistas convidados e produtores para apresentação de resultados de pesquisa e informações da última safra, com a finalidade de prover discussões técnicas para a cultura do milho.

De acordo com o head de pesquisa da Fundação MT, Bruno de Conti, a abertura dos encontros técnicos com painéis sobre o cenário do mercado visa justamente fornecer aos produtores as ferramentas necessárias para uma comercialização eficiente, garantindo a rentabilidade de suas atividades.

“A informação é fundamental para a tomada de decisões no agronegócio. Mesmo com toda a tecnologia e conhecimento aplicados na produção, um erro na comercialização pode comprometer significativamente a rentabilidade da atividade”, frisou.

A programação traz os principais temas que possam contribuir para o aumento da produtividade do milho, como: controle de pragas e doenças; cuidados com clima e irrigação; investimento em fertilidade e compactação do solo.

Crop AgroComunicação | Assessoria Fundação MT