Alta dos Juros e Desaceleração da Economia Podem Aumentar a Inadimplência

0
27

A recente elevação da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), anunciada na quarta-feira (29), levou a Selic ao patamar mais alto desde setembro de 2023. Esse movimento acende um sinal de alerta para o endividamento no país, uma vez que a expectativa de um crédito mais caro e restrito pode impactar a inadimplência.

De acordo com especialistas, o aumento dos juros e a possibilidade de novos reajustes tendem a dificultar o acesso ao crédito, elevando os riscos de inadimplência. Esse cenário ocorre após um período de crescimento econômico sustentado. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, até o terceiro trimestre de 2024, o Brasil registrou 13 trimestres consecutivos de crescimento no Produto Interno Bruto (PIB), impulsionado pelo aumento do consumo das famílias e por um mercado de trabalho aquecido.

Contudo, essa realidade tende a se modificar. Segundo Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a alta dos juros visa controlar a inflação, reduzindo o consumo e, consequentemente, freando o crescimento econômico. O mercado financeiro já esperava essa medida, considerando não apenas a atividade econômica ainda aquecida, mas também as incertezas sobre a situação fiscal do país, que afetam as expectativas inflacionárias.

O educador financeiro Fernando Lamounier, sócio da Multimarcas Consórcios, alerta que o novo aumento da Selic pode comprometer a capacidade de pagamento das famílias, elevando os níveis de endividamento. Apesar da expansão do crédito nos últimos meses e da estabilidade da inadimplência até o momento, a tendência é que o cenário se torne mais desafiador, com crédito mais escasso e oneroso para os consumidores.

Caio Macedo, vice-presidente de estratégia e marketing da Equifax Boa Vista, explica que, diante da alta da taxa básica, as instituições financeiras podem optar por reduzir a oferta de crédito ou manter os mesmos níveis de concessão, assumindo um risco maior de inadimplência.

Como Se Preparar para os Impactos da Alta dos Juros?

Especialistas recomendam que os consumidores revisem seus orçamentos e contratos de crédito para se protegerem do impacto do aumento da Selic. Macedo, da Equifax, ressalta que, no caso de créditos atrelados a juros variáveis (pós-fixados), é essencial avaliar como o reajuste pode afetar o valor das parcelas.

Para famílias que sofreram redução de renda, como perda de emprego, é recomendável procurar as instituições financeiras para renegociar dívidas e evitar o acúmulo de compromissos financeiros insustentáveis.

Borges, da CNDL, enfatiza a importância de firmar acordos compatíveis com a realidade financeira de cada indivíduo. “O ideal é estabelecer compromissos que possam ser cumpridos, mesmo que isso implique um período maior de restrição ao crédito”, conclui a especialista.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio