Conheça as tecnologias que o Ministério da Saúde vai aplicar para o controle da dengue em cidades de Minas Gerais

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Foto: Erasmo Salomão/MS

A capital mineira, Belo Horizonte, e o município de Contagem passarão a contar com novas tecnologias para controle vetorial da dengue. Durante agenda oficial em Minas Gerais, na sexta-feira (10), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou a instalação de estações disseminadoras de larvicidas (EDLs), a ampliação do Método Wolbachia e a aplicação de borrifação residual intradomiciliar em áreas estratégicas.

“A partir de hoje, iniciaremos medidas que ampliam o uso de tecnologias já testadas. Em Contagem, por exemplo, já iniciamos a vacinação contra a dengue para o público de 10 a 14 anos, com 60% de cobertura na primeira dose, e reforçamos a necessidade de completar o esquema vacinal com a segunda dose”, disse Trindade.

“Destaco, ainda, a utilização da bactéria Wolbachia, que demonstrou excelentes resultados em Niterói (RJ), onde houve expressiva redução de casos de dengue, além das unidades dispersoras de larvicida, que utilizam a própria fêmea do mosquito para disseminar o larvicida nos criadouros”, explicou a ministra.

Nísia Trindade ressaltou que essas ações fazem parte do Plano de Ação para Redução dos Impactos das Arboviroses 2024/2025, lançado em setembro de 2024. A iniciativa visa promover soluções baseadas em ciência e tecnologia para reduzir os casos de arboviroses no país, como dengue e chikungunya.

O Ministério da Saúde se antecipou ao período sazonal com diversas medidas estratégicas, como a instalação do Centro de Operações de Emergências (COE) para Dengue e outras Arboviroses, anunciado na quinta-feira (9).

Em 2024, Minas Gerais registrou quase 1,7 milhão de casos prováveis de dengue, além de 1.121 óbitos confirmados, ficando com o segundo maior coeficiente de incidência do país.

“A prevenção é fundamental, e uma medida simples e eficaz que depende de todos é dedicar 10 minutos por semana para eliminar criadouros nas residências. Essa é uma responsabilidade coletiva essencial para reduzir os casos de arboviroses”, reforçou a ministra, destacando que o controle do mosquito Aedes aegypti também requer o engajamento da população e dos gestores locais.

Fortalecimento da rede de atenção à saúde

Além das ações de controle vetorial, o Ministério da Saúde está trabalhando em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Contagem e outras regiões do estado para fortalecer a rede de atenção à saúde. “Estamos capacitando as equipes de saúde para identificar pacientes com dengue risco de complicações e reforçando a importância da hidratação adequada no manejo de casos.

O que é o método Wolbachia?

A Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro dele.

O método funciona assim: mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia são liberados para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população dos mosquitos, todos com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável, sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.

O que são as EDLs?

A disseminação de larvicida é uma tecnologia de controle populacional de mosquitos, que atrai as fêmeas de Aedes aegypti e Aedes albopictus até recipientes, chamados de Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs), impregnados com larvicidas à base de reguladores de crescimento de insetos.

Ao pousar nas EDLs, as micropartículas do larvicida aderem ao corpo do mosquito. Como as fêmeas de Aedes visitam muitos criadouros para colocar parte dos ovos em cada um, elas disseminam o larvicida, contaminando a água desses criadouros, em um raio que pode variar entre 300 e 400 metros.

Mais Acesso a Especialistas

Outro ponto central da agenda  foi o acompanhamento do programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), que busca reduzir o tempo de espera para consultas e exames.

O programa conta com R$ 2,4 bilhões em investimentos e tem como objetivo atender à alta demanda em cinco especialidades prioritárias: cardiologia, oncologia, ortopedia, otorrinolaringologia e oftalmologia. Durante a visita, a ministra participou de uma reunião com a equipe do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o núcleo de telessaúde para discutir os avanços do programa.
“Um dado importante apresentado foi a realização de 1.167 cirurgias nos últimos dois meses, incluindo 107 cirurgias oncológicas, resultado de um esforço concentrado para reduzir as filas de espera. Além disso, iniciativas como o diagnóstico remoto de ecocardiogramas, que já está em operação em diversas regiões do Brasil, têm mostrado o potencial da telessaúde para ampliar o acesso a cuidados de qualidade e salvar vidas”, destacou a ministra.

A expansão do PMAE em Minas Gerais já conta com a adesão de 100% dos municípios (853), que enviaram seus planos de ação regionais. A execução está prevista para alcançar 6,4 milhões de Ofertas de Cuidados Integrados (OCI) em 12 meses, beneficiando potencialmente mais de 1,2 milhão de pessoas. Entre os investimentos aprovados, destacam-se:

  • R$ 239,5 milhões destinados às 16 macrorregiões de saúde.
  • R$ 17 milhões já repassados para implementação inicial.
  • R$ 71,8 milhões previstos para fomento em 2024.
  • R$ 167,6 milhões a serem repassados em 2025, após execução de 50% da produção planejada.
Edjalma Borges

Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde