A recente alta nos preços do petróleo no mercado internacional, impulsionada por um novo pacote de sanções contra o setor energético russo, chega ao Brasil em um momento delicado. A Petrobras, com os preços de seus combustíveis defasados, pode se ver forçada a reajustar os valores, o que traria um impacto significativo na inflação de 2025, especialmente no mês de fevereiro. Embora esse reajuste possa aliviar a situação dos importadores e produtores de etanol, que enfrentam dificuldades devido à estagnação dos preços, ele também elevá os custos para os consumidores.
De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do preço do diesel nas refinarias da Petrobras em relação ao mercado internacional atingiu 22% na última sexta-feira, enquanto a da gasolina chegou a 13%. Na Refinaria de Mataripe, que reajusta os preços semanalmente, o diesel é vendido 11% abaixo do valor internacional, enquanto a gasolina tem um preço 7% inferior.
A última atualização nos preços do diesel ocorreu há 383 dias, e a da gasolina, há 188 dias. Em janeiro, a Petrobras ajustou o preço do querosene de aviação (QAV) em 7%, mas a expectativa é de que os combustíveis sejam reajustados em breve, uma vez que a defasagem atual não pode ser mantida por muito mais tempo. Sérgio Rodrigues, presidente da Abicom, destaca que o câmbio deve se manter elevado enquanto o Brasil não alcançar um equilíbrio fiscal, e o preço do petróleo tende a continuar em alta. “Se a Petrobras ajustar os preços de forma moderada, ela já obteria lucros significativos”, afirmou.
Possíveis impactos inflacionários e aumento do custo de vida
André Braz, economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), acredita que a Petrobras não conseguirá evitar o reajuste por muito mais tempo. Segundo ele, esse aumento afetará a inflação de janeiro e, especialmente, de fevereiro. A gasolina, que representa cerca de 5% do orçamento familiar no Brasil, será a principal responsável por essa alta.
O cenário inflacionário para os próximos meses também depende da variação do câmbio, que influencia tanto as exportações quanto os preços internos. Quando o real está desvalorizado, isso favorece as exportações, mas pressiona os preços internos, tornando mais caros produtos importados, como trigo e gasolina. Em janeiro, o impacto inflacionário será suavizado por uma redução de 13% na conta de energia, devido ao bônus da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Porém, a inflação de fevereiro poderá superar 1%, com o aumento nas mensalidades escolares e o retorno dos preços da energia à normalidade.
Mercado e expectativas para o petróleo
O preço do petróleo, que já atingiu o maior patamar desde outubro de 2024, foi impulsionado por novas sanções contra a Rússia, afetando a disponibilidade da commodity no mercado internacional. Essas sanções, que agora abrangem produtores, navios, traders e seguradoras envolvidos com o petróleo russo, dificultam as negociações e aumentam os riscos. A analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Isabela Garcia, destaca que a escassez de petróleo russo pode levar países que dependem dessa fonte, como Índia e China, a buscar novos fornecedores em curto prazo.
Com o aumento do preço do petróleo, que no momento está cotado a US$ 81,04 o barril, e a tendência de alta da commodity, o mercado internacional se prepara para um impacto maior nos preços dos combustíveis.
Postura da Petrobras diante da pressão de preços
Apesar da alta nos preços internacionais do petróleo, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou no final de 2024 que a empresa não tem a intenção de alterar os preços dos combustíveis, já que mesmo com os preços “abrasileirados” a companhia continua lucrando. O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, também afirmou que a empresa não está com pressa para reajustar os preços. No entanto, a pressão externa e interna pode tornar inevitável um ajuste nos preços nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio