Embrapa Gado de Leite: Perspectivas Favoráveis para o Leite, Mas Desafios Econômicos Persistem

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O panorama econômico global segue desafiador, com fatores como conflitos bélicos e dificuldades no crescimento das principais economias da Ásia e Europa impactando as expectativas de agentes econômicos. O Fundo Monetário Mundial (FMI) prevê um crescimento modesto de 1,8% para as economias desenvolvidas neste ano, enquanto os países em desenvolvimento devem crescer 4,2%, com destaque para a Índia, que pode atingir 6,2%. A China, por sua vez, apresenta uma previsão de crescimento de apenas 4,5%, um valor baixo comparado ao seu desempenho histórico recente.

Apesar desses desafios, a tendência de crescimento global segue, impulsionando o aumento da renda mundial e, consequentemente, o consumo de bens e serviços, incluindo leite e derivados.

Nos últimos meses, o mercado global de leite e derivados experimentou uma recuperação na produção e estabilidade nas cotações internacionais, refletindo um equilíbrio entre oferta e demanda. Esse cenário contribuiu para o aumento da rentabilidade em muitos dos principais países produtores, o que pode estimular a expansão da oferta nos próximos meses.

O Cenário Doméstico e a Expansão do Mercado de Lácteos

No Brasil, os principais indicadores econômicos apontam para um crescimento superior às expectativas para 2024, estimado em 3,5%, com uma desaceleração esperada para 2025, com um crescimento de aproximadamente 2%. Os dados de emprego e renda seguem positivos, o que garante uma melhora no poder de compra da população.

Esse crescimento da renda dos brasileiros tem impulsionado a oferta de produtos lácteos no mercado doméstico e sustentado preços elevados. Nos últimos 12 meses, o preço dos lácteos aumentou em média 10%, superando a inflação de 5%. O valor pago ao produtor, embora tenha caído nos últimos meses, ainda está acima do registrado 12 meses atrás. Com um aumento discreto nos custos de produção (apenas 2% no último ano), as condições são favoráveis para a expansão da oferta de leite e derivados.

Desafios Estruturais e Econômicos

Apesar desse cenário favorável, a produção doméstica de leite não mostra uma reação significativa. Embora o período de safra tenha iniciado, com um aumento sazonal na produção, os números permanecem estagnados. A produção de leite inspecionado continuou em 68 milhões de litros/dia nos últimos 12 meses até setembro de 2024, mantendo-se no mesmo nível registrado em maio de 2019.

As mudanças estruturais na produção, como a saída de muitos pequenos e médios produtores e o aumento das importações, têm sido fatores determinantes para esse baixo crescimento.

Além disso, o aumento dos gastos públicos e a dificuldade em ajustar as contas fiscais têm gerado incertezas na economia. O câmbio subiu mais de 20% nos últimos 12 meses, e as expectativas de juros para o final de 2025 aumentaram, chegando a 15%, conforme o último prognóstico do Banco Central. A inflação também permanece elevada, contribuindo para o cenário de juros altos. Esse ambiente pode afetar a economia real e reverter a trajetória de crescimento prevista para 2024.

Impacto do Câmbio e Possíveis Efeitos na Produção

A elevação da taxa de câmbio pode influenciar a oferta de leite no Brasil. Embora parte dos custos de produção seja impactada pelo câmbio, a produção local pode ser favorecida à medida que o custo do leite importado se torna mais alto. A queda nas importações de lácteos, já observada em dezembro de 2024, pode ser um reflexo dessa mudança. No entanto, os riscos macroeconômicos podem afetar o mercado de trabalho e a renda, dificultando o repasse de custos e comprimindo as margens dos elos da cadeia de produção do leite.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio