A produção de etanol no centro-sul do Brasil deverá atingir um recorde histórico na safra 2024/25, mesmo diante de uma redução na moagem de cana-de-açúcar. Esse desempenho será impulsionado pelo avanço do etanol produzido a partir do milho, uma matéria-prima que vem ganhando destaque no setor. Representantes do mercado destacam que essa expansão tem garantido não apenas a oferta do biocombustível, mas também a manutenção dos volumes de exportação de açúcar, mesmo em safras menores de cana.
Produção em Alta e Impactos no Abastecimento
Com novos projetos em operação e outros em construção, o Brasil deve ampliar significativamente sua capacidade de produção de etanol de milho. Segundo Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a safra 2024/25 deve encerrar com 8,2 bilhões de litros produzidos a partir do cereal, 200 milhões de litros acima das expectativas iniciais. Isso representa um crescimento de cerca de 30% em relação aos 6,4 bilhões de litros produzidos na temporada anterior.
A produção crescente possibilita que o país avance na avaliação do aumento da mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30%, o que poderá ocorrer já em 2025. “Se não fosse o etanol de milho, estaríamos enfrentando um colapso no abastecimento, e a discussão seria sobre reduzir a mistura, e não ampliá-la”, afirmou Nolasco.
Entre janeiro e março de 2025, a produção de etanol de milho deve ultrapassar 2 bilhões de litros, garantindo o abastecimento no período de entressafra da cana. Até 1º de janeiro, a produção acumulada de etanol de cana e milho havia crescido 3% em relação ao ciclo anterior, totalizando 32,4 bilhões de litros, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Setor Sucroenergético e Integração com o Etanol de Milho
A expansão do etanol de milho tem permitido uma melhor integração com o setor sucroenergético, proporcionando à indústria de cana mais flexibilidade para direcionar parte da produção ao mercado de açúcar, que também registra números expressivos. Para Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica, a combinação entre o etanol de milho e o de cana assegura o abastecimento interno, mesmo com uma moagem de cana 4,75% menor, que somou 613,6 milhões de toneladas na safra 2024/25.
“O aumento na oferta de etanol de milho foi fundamental para sustentar as vendas do biocombustível no mercado interno, que cresceram quase 12% nesta safra, atingindo 26,78 bilhões de litros”, explicou Rodrigues. Ele também destacou a contribuição dos estoques de passagem mais elevados no início do ciclo, que ajudaram a manter o equilíbrio do mercado.
Perspectivas e Políticas para o Futuro
A ampliação da mistura de etanol na gasolina está em fase de testes e, segundo Nolasco, há confiança de que o governo federal implementará a medida em 2025, como parte da política do Combustível do Futuro. Estima-se que o aumento para 30% na mistura possa expandir o mercado em cerca de 1,5 bilhão de litros.
Além disso, a produção de coprodutos, como o DDGS (grãos secos de destilaria), deve atingir cerca de 4 milhões de toneladas na safra atual, das quais 800 mil toneladas serão destinadas à exportação. Esse subproduto é amplamente utilizado como ingrediente para ração animal, reforçando a importância do etanol de milho não apenas para o setor energético, mas também para a cadeia agroindustrial.
A combinação de inovação tecnológica e expansão da capacidade produtiva posiciona o Brasil como um dos principais players globais no mercado de biocombustíveis, com perspectivas promissoras para as próximas safras.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio