As exportações de café do Vietnã apresentaram uma queda de 17,2% em 2024, totalizando 22,3 milhões de sacas, devido a uma combinação de estoques baixos na safra 2023/24, atraso na colheita da safra 2024/25 e uma demanda global reduzida no segundo semestre do ano. No entanto, apesar dessa queda no volume exportado, a receita do país aumentou 32,5%, alcançando US$ 5,6 bilhões, impulsionada pela elevação nos preços da commodity.
Impactos Climáticos e Produção Limitada
De acordo com Laleska Moda, analista de Café da Hedgepoint Global Markets, a safra 2024/25 teve um início lento devido a condições climáticas desfavoráveis, com clima seco no começo de 2024 e chuvas intensas no segundo semestre. Esses fatores impactaram o ritmo da colheita, que só se acelerou em dezembro. A analista também destaca que, apesar das expectativas de aumento nas exportações de café do Vietnã para 2024/25, isso dependerá em grande parte da competição com outros produtores, como o Brasil, que tem enfrentado limitações na produção local.
Outro fator importante foi a relutância dos agricultores vietnamitas em vender grandes volumes de café devido à expectativa de melhores preços no futuro e aos preços abaixo dos picos anteriores. Além disso, a demanda pelo café do Vietnã foi afetada pela forte presença do Conilon brasileiro no mercado global, bem como pelas restrições logísticas na Ásia e problemas no Canal de Suez, que aumentaram os custos e os tempos de transporte.
Brasil Registra Exportações Recordes de Café
Enquanto as exportações do Vietnã diminuíram, o Brasil registrou níveis recordes de exportação em 2024, com 42,67 milhões de sacas de café verde exportadas entre janeiro e novembro, um aumento de 34,3% em comparação com 2023. O Conilon, variedade de café robusta, foi o destaque, com crescimento de 107,3%, atingindo 8,69 milhões de sacas, enquanto o Arábica registrou um aumento de 23,2%, totalizando 33,97 milhões de sacas.
De acordo com a analista Laleska Moda, os embarques acumulados de café do Brasil entre abril e novembro de 2024 superaram qualquer temporada anterior, refletindo mudanças na cadeia global do café. Mesmo com a expectativa de redução nas exportações nos próximos meses, devido à maior oferta de outros países produtores, o Brasil deve terminar a temporada 2024/25 com exportações recordes tanto de Conilon quanto de Arábica.
Projeções para 2025: Preços Voláteis e Oferta Global Limitada
O cenário para o café em 2025 prevê preços voláteis e elevados no início do ano, impulsionados pela oferta global limitada e pela incerteza sobre a safra brasileira de 2025/26. Embora a oferta de outros países produtores de café deva aumentar no primeiro semestre de 2025, a maioria dessas safras será menor do que o esperado para 2024/25, o que deve manter a pressão sobre os preços. Além disso, muitos produtores, especialmente os mais capitalizados, devem reter grãos em estoque até que os preços atinjam níveis mais satisfatórios.
No Brasil, a previsão é de que a produção de Conilon atinja 22,6 milhões de sacas, o que ajudará a moderar os preços do robusta. Já a produção de Arábica, estimada em 42,6 milhões de sacas, deve manter os estoques baixos, o que pode resultar em preços elevados próximos a 300 c/lb. Com estoques reduzidos devido às vendas recordes da safra 2024/25, espera-se que os volumes negociados em 2025 sejam limitados até o início da safra 2025/26.
Conclusão
Apesar das quedas nas exportações de café do Vietnã em 2024, o mercado global de café continua a ser impactado por uma oferta limitada, com o Brasil alcançando recordes de exportação e consolidando sua posição como principal exportador. Em 2025, espera-se um cenário de preços voláteis, com desafios logísticos e uma competição acirrada entre os produtores de café. A atenção aos estoques e à demanda global será crucial para determinar os rumos do mercado nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio