Novo Governo Trump Eleva Incertezas para o Agronegócio Brasileiro

0
18

As primeiras medidas e o discurso de posse do presidente norte-americano Donald Trump reforçaram as incertezas quanto aos impactos de seu segundo mandato sobre o agronegócio brasileiro. Especialistas apontam que mudanças no comércio global, impulsionadas por políticas tarifárias mais rígidas, são inevitáveis, embora os efeitos concretos ainda sejam uma incógnita.

Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, afirmou que os Estados Unidos estão avaliando três modelos para a aplicação de tarifas. Entre as alternativas está o aumento rápido de tarifas sobre países como México, Canadá e China, replicando o que foi feito em 2017, quando a primeira gestão Trump enfrentou retaliações chinesas que, indiretamente, beneficiaram o Brasil, ampliando as exportações de soja para o gigante asiático.

Outro cenário seria a adoção de medidas de reciprocidade, com aplicação de tarifas contra produtos ou países específicos, independentemente das regras do comércio internacional. Por fim, existe a possibilidade de priorizar negociações bilaterais com determinados parceiros, ao invés de um aumento generalizado nas tarifas.

Cautela Diante dos Efeitos no Brasil

Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), é mais moderado nas avaliações. Segundo ele, o agronegócio brasileiro, no momento, não deve sofrer grandes impactos diretos, dado que o país importa mais do que exporta para os Estados Unidos.

“Não sabemos como será a relação de Trump com a China. Uma visita à Pequim nos primeiros dias de governo pode trazer combinações na área agrícola. Por ora, o Brasil não deveria ser diretamente afetado, mas reflexos indiretos não estão descartados, dependendo das medidas adotadas”, explicou Barbosa.

Jank fez um alerta sobre os riscos de uma escalada protecionista global, comparando a situação à Smoot-Hawley Tariff Act de 1930, que desencadeou graves crises econômicas. “Dobrar as tarifas seria prejudicial para todo o mundo. Embora possa haver ganhos de curto prazo em alguns setores, os efeitos colaterais e a quebra das regras internacionais de comércio preocupam muito”, afirmou.

Reflexos Secundários e Incertezas

A depender das políticas aplicadas, especialmente contra a China, o Brasil poderá ser impactado de forma indireta. “Trump colocou a questão tarifária no centro de sua agenda e tem o apoio necessário para implementar mudanças significativas. O cenário aponta para um retorno a um mercado global menos regulado, onde cada país busca evitar ser atingido”, concluiu Jank.

Especialistas reforçam a importância de monitorar os próximos passos da política comercial norte-americana, pois seus desdobramentos podem reconfigurar as dinâmicas do comércio global e afetar diretamente os interesses do agronegócio brasileiro.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio