A raiva humana é uma doença infecciosa causada por vírus e pode ser transmitida entre animais e seres humanos por meio da saliva ou mucosas dos olhos, nariz e boca. A doença afeta o sistema nervoso central e pode levar à morte. Em casos de acidentes envolvendo animais transmissores de raiva, o Ministério da Saúde recomenda que a vítima lave a região com água e sabão e busque a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para avaliação e realização do esquema antirrábico, se necessário.
A zoonose afeta, unicamente, os mamíferos. Isso significa que animais como cães, gatos, saguis, morcegos e raposas podem transmitir o vírus se estiverem doentes. Atualmente, os animais silvestres são a principal fonte de infecção do vírus para seres humanos no país. De acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), entre 2005 e 2024, 64,8% dos casos de raiva humana foram transmitidos por esses animais. No mesmo período, houve um aumento da doença em morcegos no perímetro urbano: de 2005 a 2014, foram 1.690 registros; e de 2015 a 2024, foram 2.738. O número representa um aumento de 62%.
De 2023 até a segunda semana epidemiológica de 2025, foram registrados três casos humanos da doença transmitidos por primatas do gênero callithrix (sagui/soim/mico), todos na região Nordeste, o que representa 33,3% dos casos humanos registrados nesse período no Brasil.
A transmissão da raiva por cães era a mais conhecida pela população, no entanto, as variantes foram reduzidas devido às campanhas de vacinação antirrábica caninas e felinas e bloqueios de foco, que resultaram em 10 anos sem registros de infecção pelas variantes caninas (AgV1 e AgV2) em todo o Brasil.
De 2005 a 2024 foram confirmados 108 casos de raiva humana no Brasil, a região com mais casos é o Nordeste, com 60 casos. Em seguida, o Norte, com 32 casos; o Sudeste, com 11 casos; o Centro-Oeste, com quatro casos; e o Sul, com apenas um caso.
Sintomas e diagnóstico
Após o período de incubação, os sintomas clínicos inespecíficos da raiva humana surgem e duram de dois a 10 dias. Nesse período, o paciente pode apresentar: mal-estar geral; pequeno aumento de temperatura; anorexia; cefaleia; náuseas; dor de garganta; entorpecimento; irritabilidade; inquietude; e/ou sensação de angústia. Também podem acontecer o aumento dos linfonodos, hipersensibilidade a estímulos e parestesia no trajeto de nervos periféricos próximos ao local da mordedura, além de alterações de comportamento.
Com a progressão da doença surgem complicações mais graves como ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes; febre; delírios; espasmos musculares involuntários, generalizados e/ou convulsões. Os espasmos musculares da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando “hidrofobia”. Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia.
Quando o quadro clínico vier acompanhado de sinais e sintomas característicos da raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou lambedura de mucosas provocadas por animal suspeito, o diagnóstico é realizado de forma natural. Para comprovar, é realizada uma autópsia para confirmação laboratorial e identificação da variante viral.
Tratamento e prevenção
A recomendação é que, em caso de contato com qualquer mamífero potencialmente transmissor de raiva, incluindo os animais silvestres, é preciso buscar atendimento médico em uma unidade de saúde para indicação de profilaxia antirrábica adequada e oportuna. É importante destacar que acidentes envolvendo animais silvestres são considerados graves, necessitando de esquema completo com vacina e soro antirrábico.
De acordo com o Guia de Vigilância em Saúde, a profilaxia antirrábica é gratuita e está disponível nas UBS. O Ministério da Saúde recomenda, ainda, que as pessoas não toquem em morcegos caídos no chão e não interajam com animais silvestres.
Saiba mais sobre a Raiva Humana
Ana Freire
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde