O mercado de café brasileiro segue aquecido, com vendas da safra 2024/25 registrando avanços expressivos. No dia 23 de janeiro de 2025, os preços do café arábica na Bolsa de Nova York superaram as máximas de dezembro, alcançando os níveis mais altos em 50 anos, impulsionados pelas preocupações com a oferta global, especialmente com a safra brasileira de 2025, prejudicada pelo clima seco de 2024. Esse cenário está favorecendo a comercialização acelerada da safra 2024/25, enquanto as vendas da safra futura, 2025/26, seguem mais lentas.
De acordo com o levantamento mensal da Safras & Mercado, até o último dia 21 de janeiro, os produtores brasileiros haviam comercializado 85% da safra de café 2024/25, um avanço de 6 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Esse ritmo de vendas é superior ao registrado no mesmo período de 2024, quando 74% da safra havia sido negociada, e também ultrapassa a média dos últimos cinco anos (77%).
Gil Barabach, consultor de Safras, destaca que, apesar de uma desaceleração no ritmo de vendas no último mês, o fluxo de comercialização continua robusto. “A alta dos preços no mercado internacional e a cotação do dólar têm sustentado os preços internos, aumentando o interesse dos vendedores, que encontram compradores ávidos por reposição de estoques. Esse cenário contribuiu para exportações recordes, reduzindo a oferta disponível”, explica Barabach.
Café Arábica e Canéfora: Diferenças no ritmo de vendas
A comercialização de café arábica tem sido mais cautelosa, com 82% da produção já negociada, superando o desempenho do ano passado (69%) e a média dos últimos cinco anos (75%). A resistência dos produtores em vender é atribuída à baixa oferta disponível e à expectativa de novas altas nos preços, o que deve continuar a influenciar o mercado até a chegada da próxima safra.
Já as vendas de café canéfora (conilon/robusta) seguiram ritmo mais acelerado, com 91% da safra já comercializada. A procura mais intensa da indústria doméstica, juntamente com a perda de competitividade externa, devido ao preço mais alto do robusta brasileiro em relação ao produto asiático, explicam o aumento no volume de vendas. O ritmo de comercialização também é superior ao do ano passado (83%) e acima da média dos últimos cinco anos (82%). Contudo, Barabach prevê que, devido à safra menor e à oferta restrita, o ritmo das negociações deve desacelerar nos próximos meses, até a chegada de café canéfora novo no mercado, em abril.
Vendas da Safra 2025/26: Expectativa de cautela
As vendas da safra 2025/26 seguem lentas, com apenas 12% da produção já comercializada, abaixo de 19% no mesmo período do ano passado e da média de 21% registrada entre 2020 e 2023. Barabach atribui a baixa comercialização ao receio dos produtores quanto ao tamanho da próxima safra, o que os leva a adiar negociações antecipadas. Além disso, a alta nos preços também tem influenciado essa cautela. “O café permanece altamente valorizado nas bolsas, e o dólar, apesar da volatilidade, continua em níveis elevados”, aponta o consultor.
A previsão preliminar da Safras & Mercado é que as vendas da safra 2025/26 sigam em ritmo mais restrito até que haja maior clareza sobre o tamanho da safra brasileira, o que deve ocorrer nos primeiros meses de 2025. Para o produtor, é essencial acompanhar o desenvolvimento da safra e as oportunidades de comercialização, especialmente com a possibilidade de mudanças significativas no mercado no segundo semestre de 2025, caso as projeções produtivas para 2026 melhorem.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio