Bioinsumos: Inovação e Sustentabilidade na Agricultura

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A recente sanção da Lei 15.070/2024 representa um marco para o setor agropecuário brasileiro ao regulamentar e incentivar a produção de bioinsumos no país. A medida, conforme destaca Rafael de Souza, pesquisador e cofundador da Symbiomics, cria um ambiente mais seguro para pesquisa, indústria, produtores e usuários, ao mesmo tempo em que favorece a ampliação do uso desses insumos na agricultura. O avanço promete ganhos expressivos em produtividade, redução da dependência de fertilizantes químicos e agrotóxicos, além de contribuir para práticas mais sustentáveis no campo.

Os bioinsumos são essenciais para a transição de sistemas agrícolas poluentes para modelos mais saudáveis e ambientalmente responsáveis. Eles atendem a cinco dos dez princípios agroecológicos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em 2019: eficiência, sinergia, resiliência, reciclagem e economia circular. Além disso, contribuem para a regeneração do solo, a preservação da biodiversidade, a fixação de carbono e a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Também diminuem a dependência de produtos agroquímicos que podem impactar negativamente a fauna, a flora, os recursos hídricos e a saúde humana.

A cadeia de valor dos bioinsumos gera benefícios que vão desde o fomento à pesquisa nacional até impactos econômicos positivos, como a redução dos custos de produção e a criação de novas oportunidades de negócios. De acordo com a CropLife Brasil, a comercialização desses insumos cresceu 15% na safra 2023/2024. Já a consultoria Mordor Intelligence projeta que o mercado global de bioinsumos atinja US$ 18,5 bilhões até 2026.

Embora amplamente discutidos atualmente, os bioinsumos não são uma novidade na agricultura. Conhecidos como “soluções baseadas na natureza” (nature-based solutions), eles vêm sendo utilizados há séculos de forma artesanal. O que diferencia o cenário atual é o avanço da tecnologia, que permite a ampliação e a modernização dessas soluções, impulsionando o desenvolvimento da chamada “nova geração” de bioinsumos.

Os bioinsumos de nova geração são produzidos por meio de ferramentas avançadas, como genômica, edição genética, biologia molecular, inteligência artificial e machine learning. A tecnologia multiômica, que integra diferentes disciplinas para análise de sistemas biológicos, tem sido fundamental na identificação de novas cepas de microrganismos com alto potencial. Em laboratório, essas cepas são aprimoradas para criar produtos biológicos mais eficazes e adaptáveis a variados tipos de solos e cultivares, atendendo à crescente demanda global por soluções sustentáveis na produção de alimentos.

O Brasil, detentor de uma das maiores biodiversidades do planeta, destaca-se como um polo promissor para o avanço dos bioinsumos. Empresas de biotecnologia vêm investindo em pesquisas sobre microbiomas de ambientes nativos para desenvolver produtos biológicos de alto desempenho. Com isso, novas soluções são empregadas para fortalecer a produtividade agrícola, seja por meio da biofertilização, do aumento da resistência das plantas a estresses ambientais ou do biocontrole de pragas e doenças.

O estudo “Bioinsumos: Oportunidades de Investimento na América Latina”, da FAO, reforça que um dos desafios da agricultura moderna é encontrar alternativas acessíveis, lucrativas e sustentáveis para garantir a produção de alimentos diante das mudanças climáticas e dos altos custos dos fertilizantes convencionais. O avanço dos bioinsumos de nova geração aponta para um futuro mais sustentável e inovador, beneficiando não apenas os produtores rurais, mas toda a sociedade e o meio ambiente.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio