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China Adia ou Redireciona 600 Mil Toneladas de Trigo em Meio a Oferta Doméstica Elevada

A China adiou a importação de até 600 mil toneladas métricas de trigo, principalmente de origem australiana, e realocou parte dessas cargas para outros compradores. A medida ocorre em um cenário de ampla oferta interna, reduzindo a necessidade de novas aquisições pelo maior importador global do grão, conforme revelaram fontes comerciais com conhecimento direto do assunto.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a China foi responsável por 6% das importações globais de trigo no ano encerrado em junho de 2024. Com seu peso significativo no mercado, a redução na demanda chinesa pode pressionar os preços de referência do trigo em Chicago, que continuam abaixo de US$ 6 por bushel, após atingirem uma mínima de quatro anos, em julho, de US$ 5,14.

Postergamento de Remessas e Revendas

O país, atualmente bem abastecido após colheitas robustas de milho e trigo, busca evitar novas pressões sobre os preços internos, que já registram queda. Como estratégia, as autoridades chinesas postergaram a chegada de novos carregamentos para abril, segundo fontes do setor.

Um trader baseado em Cingapura, que atua em uma empresa internacional de comercialização de grãos, informou que compradores chineses tentam revender quatro embarques, totalizando cerca de 240 mil toneladas métricas — três provenientes da Austrália e um do Canadá — no Sudeste Asiático. Outras negociações indicam que aproximadamente 10 navios, transportando cerca de 60 mil toneladas cada, estão sendo redirecionados ou adiados.

“Os prazos de entrega de diversos carregamentos de trigo da Austrália e do Canadá foram postergados, devido à ampla oferta interna e à queda nos preços locais”, afirmou o comerciante.

Na Austrália, uma fonte de uma grande trading de grãos relatou que dois embarques programados para entrega à China em fevereiro foram afetados: um foi postergado para abril, enquanto o outro teve parte da carga redirecionada para a Tailândia. No total, entre oito e dez remessas australianas, previstas para janeiro e fevereiro, foram adiadas ou realocadas, sem novas reservas para março.

Impacto no Comércio e Estratégia Chinesa

No início de 2024, importadores chineses já haviam cancelado ou adiado cerca de 1 milhão de toneladas métricas de trigo australiano, refletindo o impacto dos estoques globais elevados sobre os preços. Apesar disso, nos primeiros três meses do ano, a China importou 1,7 milhão de toneladas de trigo da Austrália, volume inferior às 2,5 milhões de toneladas adquiridas no mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, as importações de trigo canadense cresceram, passando de 783 mil para 923 mil toneladas.

A COFCO, estatal chinesa responsável por grande parte dessas compras, está arcando com os custos decorrentes do adiamento das remessas, incluindo taxas de retenção e eventuais perdas ou ganhos na revenda dos grãos, segundo uma fonte australiana. A empresa não respondeu a pedidos de comentário da agência Reuters.

A estratégia da China visa proteger seus produtores locais. Após uma colheita expressiva de milho, a oferta interna do cereal é mais do que suficiente para a produção de ração, reduzindo a necessidade de importação de trigo para esse fim. Paralelamente, a estatal chinesa Sinograin anunciou planos para expandir sua capacidade de armazenagem no nordeste do país, ampliando a compra de milho colhido em 2024.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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