A colheita da soja em Mato Grosso, estado responsável por mais de 25% da produção nacional, segue em ritmo mais lento do que o esperado devido às chuvas frequentes. Segundo Cleiton Gauer, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), os produtores têm sido forçados a colher mesmo com umidade elevada, a fim de evitar prejuízos com a deterioração dos grãos no campo.
Desafios na Colheita e Impactos na Segunda Safra de Milho
O excesso de chuvas impõe desafios logísticos e operacionais à colheita da soja, que foi semeada tardiamente e agora amadurece de forma concentrada. Para minimizar perdas, os agricultores precisam planejar cuidadosamente a dessecação das lavouras antes da colheita. Além disso, há uma corrida para o plantio da segunda safra de milho, cuja produtividade depende da semeadura dentro da janela climática ideal.
“De maneira geral, a colheita está acontecendo, mas colher em Mato Grosso nunca é tarefa simples”, afirmou Gauer. Ele ressaltou que, após alguns anos com clima mais seco, o estado voltou a enfrentar um padrão de chuvas intensas durante a safra.
Alta Produtividade e Projeção de Safra Recorde
Apesar dos desafios climáticos, as chuvas têm favorecido a produtividade das lavouras. O Imea revisou para cima suas projeções, estimando uma safra recorde para 2024/25, com 47,16 milhões de toneladas – um crescimento de 20,76% em relação ao ciclo anterior, que foi impactado pela seca.
A produtividade média no estado deve atingir 62,07 sacas por hectare, um aumento de 19% em relação à safra passada e de 7,08% em comparação com o levantamento anterior do instituto. Esse desempenho configura, até o momento, o segundo maior rendimento da série histórica do Imea.
Atraso na Colheita e Riscos Logísticos
Apesar da boa produtividade, o ritmo de colheita está abaixo da média histórica. Até a última sexta-feira, apenas 12,2% da área plantada havia sido colhida, contra 39,39% no mesmo período do ano passado. O plantio tardio, aliado às chuvas constantes, contribuiu para esse atraso.
“O produtor está atento e preocupado, principalmente com a segunda quinzena de fevereiro, quando grande parte das áreas estará pronta para a colheita. Isso pode pressionar a janela da segunda safra de milho e sobrecarregar a infraestrutura de armazenamento”, alertou Gauer.
A consultoria AgRural já havia antecipado, em dezembro, que Mato Grosso poderia enfrentar dificuldades logísticas devido ao clima, cenário que agora se confirma. Além disso, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) projetou um aumento nas exportações de soja do Brasil em fevereiro, estimando 9,77 milhões de toneladas embarcadas. No entanto, a entidade alertou que as chuvas podem comprometer o escoamento da produção e reduzir os volumes efetivamente exportados.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio