CNA Debate Geopolítica Global e Desafios para o Agro Brasileiro em Evento em Brasília

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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na terça-feira (18), do evento “Welcome Agro”, realizado em Brasília, para abordar a geopolítica mundial e as perspectivas do agronegócio brasileiro. O encontro, promovido pelo Grupo Mídia, reuniu especialistas do setor para discutir os impactos de questões políticas e econômicas no país e no exterior, com foco no agronegócio.

O painel de abertura contou com a participação de Felipe Spaniol, coordenador de Inteligência Comercial e Defesa de Interesses da CNA, e João Paulo Franco, coordenador de Produção Animal da entidade. Ambos estiveram acompanhados de representantes da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), do Ministério da Agricultura e da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

Em sua apresentação, João Paulo Franco ressaltou a importância da rastreabilidade individual de bovinos e bubalinos, explicando o contexto e a construção do programa que, baseado em uma proposta da CNA, envolveu toda a cadeia produtiva e resultou no lançamento do Plano pelo Ministério da Agricultura (Mapa) no final do ano passado.

“O plano prevê um período de transição de oito anos, com implementação gradual. O objetivo é rastrear a maior parte do rebanho brasileiro até 2032. Trata-se do maior sistema de rastreabilidade do mundo, que será implementado paralelamente ao reconhecimento internacional do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)”, explicou Franco.

O coordenador de Produção Animal também comentou sobre os impactos da Lei do Desmatamento da União Europeia (EUDR) para a cadeia da bovinocultura de corte. Segundo Franco, o Brasil já possui uma legislação robusta para lidar com essa questão, e a postura da União Europeia é vista como uma imposição unilateral.

“Em uma relação comercial, as partes devem negociar suas necessidades. Se a Europa continuar com essa abordagem, podemos atender seus requisitos por meio de protocolos privados, onde o produtor entrega o produto mediante um pagamento adicional”, afirmou.

Felipe Spaniol, coordenador de Inteligência Comercial e Defesa de Interesses da CNA, abordou os desdobramentos do acordo Mercosul-União Europeia e destacou a relevância do mercado europeu para as exportações agropecuárias brasileiras. Ele também comentou sobre o aumento do protecionismo comercial por parte da UE.

“A conclusão das negociações do acordo, no final do ano passado, marcou o 25º aniversário do início das discussões. Alguns avanços foram feitos, como na questão das compras governamentais e no mecanismo de reequilíbrio de concessões. Agora, entraremos no processo de revisão legal e tradução, e o Brasil deve acelerar esse processo, pois a ratificação de acordos comerciais costuma levar cerca de quatro anos e meio”, explicou Spaniol.

Felipe também analisou o “jogo político” da União Europeia e seus interesses nas relações com o Brasil e o Mercosul, destacando a criação de barreiras protecionistas que afetam o comércio. “Embora a relação com a União Europeia seja fundamental, ela precisa ser construída respeitando as regras multilaterais, excluindo compromissos unilaterais e punitivos, como a EUDR. Com a prorrogação da lei, o Brasil e outros países podem buscar mudanças ou até a eliminação desse tipo de medida, que é considerada uma barreira ao comércio”, afirmou.

O evento “Welcome Agro” também abordou outros temas relevantes para o setor, como o acesso dos produtores rurais a tecnologias, o papel das energias limpas na redução da pegada de carbono do agro e as perspectivas para o setor até 2025.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio