A colheita da soja segue em ritmo variado pelo Brasil, com desafios climáticos, logísticos e comerciais impactando o setor. Apesar da projeção de safra recorde de 168,15 milhões de toneladas, gargalos na armazenagem e transporte, além da lenta comercialização, preocupam os produtores.
Desafios regionais – No Rio Grande do Sul, as lavouras enfrentam dificuldades, mas as chuvas recentes trouxeram uma leve recuperação. Nos portos, a soja disponível praticamente não tem cotação, enquanto as indústrias locais registram preços estáveis, variando entre R$ 125,00 e R$ 132,00 por saca.
Em Mato Grosso, estado líder na produção nacional, a colheita está atrasada, mas a produtividade se mantém positiva, com média de 50 sacas por hectare. No entanto, a comercialização segue lenta, e os preços variam entre R$ 100,39 e R$ 115,74, dependendo da região.
Na Bahia, a colheita avança com boas produtividades, entre 66 e 85 sacas por hectare. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma safra recorde no estado, alcançando 8,58 milhões de toneladas.
Em Minas Gerais, a colheita começou em áreas irrigadas e já alcança 6% da área total cultivada. As lavouras apresentam bom desenvolvimento, mas preocupações com chuvas prolongadas e baixa luminosidade podem afetar a qualidade dos grãos.
No Paraná, a colheita avança, com preços variando de R$ 120,17 no interior a R$ 130,85 no porto de Paranaguá. A baixa liquidez preocupa, enquanto o clima influencia na qualidade do grão.
Em Santa Catarina, os preços caíram até 9% no Oeste do estado, reflexo da maior oferta. No porto de São Francisco, as cotações variam entre R$ 130,86 e R$ 141,00 por tonelada.
No Mato Grosso do Sul, o clima desafia a colheita, com chuvas irregulares e alta presença de pragas. Os preços ficaram entre R$ 108,66 e R$ 114,33, dependendo da localização.
EXPORTAÇÕES – As exportações brasileiras de soja sofreram forte queda em janeiro de 2025, totalizando 1,07 milhão de toneladas, uma redução de 62,43% em relação ao mesmo período do ano passado. Mato Grosso exportou 158,57 mil toneladas, mas registrou queda de 63,26% na comparação anual.
A China, principal destino da soja brasileira, adquiriu 61,60 mil toneladas de Mato Grosso, um recuo de 43,82%. A guerra comercial entre Estados Unidos e China abre oportunidades para o Brasil, mas também impõe desafios, exigindo estratégias de negociação eficientes para garantir melhores preços e evitar barganhas agressivas do mercado chinês.
O Brasil segue como protagonista na produção global de soja, mas precisa superar desafios estruturais para manter sua competitividade. Entre os principais entraves estão:
- Atraso na colheita devido ao plantio tardio e chuvas prolongadas;
- Comercialização lenta, aumentando estoques e reduzindo liquidez;
- Deficiência na infraestrutura logística, encarecendo os custos de transporte;
- Pressão sobre os preços internacionais e incertezas comerciais.
Apesar das dificuldades, a safra 2024/25 promete ser histórica, reforçando o Brasil como um dos principais fornecedores globais. Para garantir maior rentabilidade, produtores precisam estar atentos às oscilações de mercado e buscar estratégias de venda eficientes ao longo do ano.
Fonte: Pensar Agro