O mercado de ovos tem registrado valorização significativa desde janeiro, atingindo níveis recordes em algumas regiões do país. Segundo análise da pesquisadora Claudia Scarpelin, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, os ovos do tipo extra comercializados no atacado apresentaram aumentos expressivos, alcançando valores reais inéditos em algumas praças acompanhadas pelo Cepea.
Em Bastos, principal polo produtor de ovos em São Paulo, o preço da caixa com 30 dúzias de ovos brancos do tipo extra, a retirar (FOB), atingiu média de R$ 198,40 até 20 de fevereiro, uma alta de 39,4% em relação a janeiro e de 10,7% na comparação anual, considerando valores deflacionados pelo IGP-DI de janeiro. Já os ovos vermelhos registraram média de R$ 227,24 por caixa, com avanços de 37,4% no comparativo mensal e de 8,2% na base anual.
Em Santa Maria de Jetibá (ES), outro importante polo produtor, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos atingiu R$ 236,21 no dia 20 de fevereiro, estabelecendo um recorde real na série histórica do Cepea. Para os ovos vermelhos, o preço médio diário chegou a R$ 276,54/cx, também um recorde.
A elevação dos preços está atrelada à redução da oferta interna e ao crescimento gradual da demanda. Esse movimento teve início na segunda quinzena de janeiro e se intensificou ao longo de fevereiro.
Cenário de oferta e demanda
Em 2024, a produção de ovos atingiu volumes recordes, conforme dados do IBGE, levando a uma queda nos preços por seis meses consecutivos, de abril a setembro. No final de dezembro e início de janeiro, houve um aumento dos estoques devido à menor demanda sazonal, impactada pelas férias escolares e pela redução no poder de compra da população nesse período.
A partir da segunda quinzena de janeiro, a oferta foi reduzida pelo descarte de poedeiras mais velhas. Paralelamente, a demanda começou a se recuperar em fevereiro, impulsionada pelo retorno das aulas e pelo aumento do consumo da população, o que reforçou a trajetória de alta nos preços.
O Cepea acompanha o mercado de ovos desde 2013 e aponta que, historicamente, os preços costumam subir no período que antecede a Quaresma. Em 2025, esse comportamento se repete, mas a valorização está mais intensa.
Fatores que impulsionam a valorização
Entre os fatores que explicam essa alta acentuada estão os custos elevados dos principais insumos da produção, como milho e farelo de soja, além do aumento no preço das embalagens. Em 2024, a queda no valor dos ovos pressionou a rentabilidade dos produtores, que enfrentaram margens reduzidas. Já em 2025, com uma menor disponibilidade de ovos, os reajustes puderam ser repassados ao mercado de maneira mais intensa.
Cenário internacional e impacto no Brasil
Nos Estados Unidos, a gripe aviária tem causado redução na oferta interna de ovos, pressionando os preços. Como consequência, houve um aumento de 62% nas importações de ovos brasileiros entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, fazendo com que os EUA passassem da sexta para a terceira posição entre os principais destinos do produto brasileiro.
Apesar desse crescimento, a exportação de ovos do Brasil ainda representa menos de 1% da produção nacional, o que significa que a maior parte da oferta permanece no mercado interno. Caso a demanda dos Estados Unidos continue a crescer de forma consistente, o impacto sobre a disponibilidade e os preços no Brasil poderá se tornar mais significativo. Entretanto, para que isso ocorra, seria necessário que o comércio bilateral se consolidasse, transformando os EUA em um comprador regular e incentivando a expansão da produção nacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio