A primeira safra de milho no Paraná caminha para um resultado histórico, com uma produtividade estimada em 10,4 mil quilos por hectare. Caso o número se confirme, superará o recorde anterior de 10,2 mil quilos registrado na safra 2022/23. Com isso, a produção total pode atingir 2,8 milhões de toneladas, um aumento de 11% em relação ao ciclo anterior, apesar da redução de 9% na área cultivada, que caiu de 294,4 mil para 267,5 mil hectares.
Os dados são da Previsão Subjetiva de Safra (PSS), divulgada na última quinta-feira (27) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Segundo o analista Edmar Gervásio, ainda que a primeira safra de milho represente uma parcela menor da produção total do Estado, a elevada produtividade beneficia os produtores que apostaram na cultura. “Quem investiu na primeira safra colherá bons resultados”, afirmou.
Paralelamente, a segunda safra de milho também avança no plantio, impulsionada por condições climáticas favoráveis. Atualmente, cerca de 65% da área projetada de 2,6 milhões de hectares já foi plantada, e a expectativa é que esse percentual ultrapasse os 90% nos próximos 15 dias. A previsão de colheita é de 15,9 milhões de toneladas, podendo resultar na maior produção da história do Estado, caso as condições climáticas se mantenham favoráveis. O principal risco para o ciclo é a ocorrência de geadas intensas em período antecipado, embora o plantio tenha seguido as diretrizes do zoneamento agrícola.
Safra de soja enfrenta revisão para baixo
O avanço da colheita da soja, que atingiu 50% da área cultivada de 5,77 milhões de hectares, levou o Deral a revisar sua estimativa para baixo. A projeção atual é de 21,2 milhões de toneladas, uma redução de 4,7% em relação às 22,3 milhões de toneladas inicialmente previstas.
Apesar disso, a região Sul do Estado, onde a colheita está se intensificando, não foi tão impactada por condições climáticas adversas e pode apresentar produtividade acima da média. “Se esse cenário se confirmar, pode haver uma compensação parcial das perdas registradas em outras regiões, onde a estiagem foi mais severa”, explicou Edmar Gervásio.
Até o momento, as maiores perdas ocorreram na região de Campo Mourão, com redução de 376 mil toneladas, seguida pela região Oeste, que perdeu 317 mil toneladas. Segundo o levantamento do Deral, 80% das lavouras ainda em desenvolvimento apresentam condição satisfatória, enquanto 17% estão em estado mediano e 3% são consideradas ruins.
Olericultura apresenta bom desempenho, mas tomate enfrenta surto virótico
As colheitas de batata e cebola foram concluídas no Paraná, ambas com aumento de produção. A batata da primeira safra atingiu 584,2 mil toneladas, um crescimento de 48% em comparação às 393,7 mil toneladas do ciclo anterior. A qualidade do produto foi avaliada como boa pelo engenheiro agrônomo Paulo Andrade. Já a cebola registrou um volume de 127,7 mil toneladas, 44% a mais que no período 2023/24, impulsionada pelo bom rendimento da região de Guarapuava, onde a produtividade superou 50 toneladas por hectare.
O tomate da primeira safra já foi 79% colhido, com uma produção estimada em 168,5 mil toneladas. Entretanto, a cultura enfrenta desafios devido a um surto de infecção virótica, possivelmente transmitido pela mosca-branca (Bemisia tabaci). Em algumas regiões, quase 100% da produção foi comprometida. Equipes técnicas da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) estão monitorando a situação e prestando assistência aos produtores afetados.
Outras culturas e mudanças no plantio
No Noroeste do Paraná, alguns produtores têm reduzido o plantio de milho da segunda safra para diversificar suas lavouras. A mandioca tem sido uma das principais apostas, com um crescimento de 8% na área cultivada, que passou de 138,6 mil para 150 mil hectares. A expectativa é de uma colheita de 4,2 milhões de toneladas, um aumento de 12% em relação ao ciclo anterior. “A mandioca se adapta melhor às condições de calor, e sua produtividade está sendo favorecida”, explicou o agrônomo Carlos Hugo Godinho.
O tabaco também apresentou expansão na região Sul, onde algumas áreas antes destinadas a grãos foram convertidas para a cultura. A área plantada cresceu 11%, de 73 mil para 81 mil hectares, e a produção esperada é de 199,8 mil toneladas, um recorde para o setor.
Boletim destaca outros setores do agronegócio
O Boletim de Conjuntura Agropecuária do Deral, referente à semana de 21 a 27 de fevereiro, também traz informações sobre o desenvolvimento da alface no Estado e a produção de suculentas. No setor de proteína animal, destaca o aumento no preço da carne de tilápia, dos cortes populares de bovinos e dos ovos. Por outro lado, a carne de frango registrou queda nos preços, enquanto a suinocultura celebra a redução nos custos de produção.
Boletim de Conjuntura Agropecuária
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio