Após um início marcado por atrasos devido à colheita da soja, o plantio da segunda safra de milho no Brasil avança dentro da janela ideal nos principais estados produtores, Mato Grosso e Paraná. Esse cenário favorece a produtividade das lavouras, desde que as condições climáticas permaneçam favoráveis.
Para a safra 2024/25, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta um aumento de 2,4% na área plantada com milho safrinha, totalizando 16,83 milhões de hectares. A produtividade também deve crescer 3,9%, atingindo 5.706 quilos por hectare. Com isso, a produção da segunda safra pode avançar 6,4% no ciclo, ultrapassando 96 milhões de toneladas.
Marcos Feldhaus, produtor rural que semeou 11 mil hectares de milho nos municípios de Sinop e Cláudia, em Mato Grosso, relata que o excesso de chuvas no início do cultivo gerou apreensão. “Tivemos um período de 12 dias com forte luminosidade sobre as lavouras. Se tivesse chovido por cinco dias nesse intervalo, a situação seria complicada. Mas o clima favoreceu a colheita da soja e destravou o plantio do milho”, explica.
Atualmente, Feldhaus já colheu 90% da área de soja e plantou o mesmo percentual de milho. A expectativa é concluir a semeadura dentro do período ideal.
Ritmo do plantio se aproxima do registrado na safra anterior
Apesar do avanço recente, o plantio da segunda safra de milho ainda apresenta atraso em relação ao ciclo 2023/24. De acordo com a Conab, até 16 de fevereiro, 35,7% da área havia sido semeada, enquanto no mesmo período do ano passado o índice era de 45,3%.
No entanto, a diferença entre os ciclos diminui a cada semana. Segundo Feldhaus, os produtores da sua região estão mais adiantados do que no ano anterior e têm até 25 de fevereiro para concluir o plantio dentro da janela ideal. “A expectativa é muito boa, com preços em alta. Mas ainda há incertezas, vamos acompanhar o clima”, avalia.
A crescente demanda interna tem sustentado os preços do milho no Brasil, incentivando os investimentos na cultura. O indicador Esalq/BM&FBovespa, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), registrou alta, chegando a R$ 83,62 por saca em 20 de fevereiro, frente aos R$ 73,12 de dois meses atrás.
Tecnologia impulsiona avanço do plantio
De acordo com Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, a evolução da colheita da soja tem facilitado o plantio do milho safrinha. “Na última semana, registramos o maior avanço da história tanto para a colheita da soja quanto para o plantio do milho. As chuvas ficaram mais espaçadas, e a adoção de tecnologia está maior. Há propriedades em que três máquinas colhem enquanto outras três fazem o plantio”, destaca.
Apesar do avanço, Fernandes ressalta que o clima em abril será determinante para o desempenho final da safra 2024/25.
Expectativas no Paraná
No Paraná, outro estado estratégico para a produção de milho safrinha, o retorno das chuvas trouxe alívio para os produtores. Wallace Lopes, que cultiva em Campo Mourão, no noroeste do estado, afirma que o déficit hídrico em janeiro reduziu a produtividade da soja de 70 para 50 sacas por hectare. No entanto, as condições melhoraram para o plantio do milho. “Agora, o clima está perfeito. A chuva voltou e as lavouras estão em ótimo estado”, relata.
Lopes semeou 300 hectares de milho e já se prepara para os desafios do clima durante a colheita, prevista para a primeira semana de junho. “A safrinha está indo muito bem, mas a geada é um risco. No ano passado, tivemos perdas. Se ocorrer novamente, pode afetar cerca de 20% das minhas lavouras, o que considero um impacto pequeno”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio