Atualmente, o preço do café no Brasil supera o valor correspondente a um dia de trabalho de quem recebe um salário mínimo. Com base em uma jornada de 44 horas semanais e 26 dias trabalhados por mês, o salário mínimo de R$ 1.518,00 resulta em R$ 58,38 por dia. No entanto, para adquirir um quilo de café, que atualmente custa mais de R$ 70,00 nos supermercados, é necessário utilizar os ganhos de um dia e meio de trabalho.
Este cenário é reflexo do aumento contínuo dos preços, que já havia alcançado um recorde histórico em 31 de janeiro de 2025, quando a saca de 60 kg do Café Arábica foi cotada a R$ 2.508,00. Em 5 de fevereiro do mesmo ano, o preço superou novamente esse valor, atingindo R$ 2.617,72. De acordo com o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), a alta nos preços é atribuída ao ciclo de produção bienal, que alterna entre anos de alta e baixa produtividade.
Em 2025, o Brasil enfrenta um ano de bienalidade negativa, o que resulta em uma safra menor. Além disso, condições climáticas adversas, como secas e temperaturas elevadas nas principais regiões produtoras — Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo — também contribuíram para a queda na produção, impactando a oferta de café no país. “A combinação dessas condições com problemas climáticos em grandes produtores como Vietnã e Colômbia reduziu a disponibilidade mundial de café”, explica Leonardo Machado, gerente do Ifag.
O consumo de café segue crescente, especialmente em mercados emergentes da Ásia e África, o que também tem influenciado a valorização da commodity. A alta do dólar torna as exportações brasileiras mais competitivas, incentivando os produtores a direcionarem parte significativa de sua produção para o mercado externo.
Embora o estado de Goiás ainda tenha uma participação modesta na produção nacional, os investimentos em tecnologias de manejo e práticas sustentáveis têm impulsionado a cafeicultura local. Na safra de 2024, o estado registrou um aumento de 30,6% na produção de Café Arábica, alcançando 263,5 mil sacas.
No entanto, as perspectivas para uma redução dos preços são incertas. “Os produtores enfrentam aumento nos custos de insumos e logística, o que pressiona as margens de lucro. A expectativa é que os preços continuem elevados nos próximos meses, especialmente se as condições climáticas adversas persistirem e a oferta não se normalizar”, conclui Leonardo Machado. A primeira estimativa da safra brasileira de café para 2025 aponta uma produção de 51,8 milhões de sacas, o que representa uma redução de 4,4% em relação ao ano anterior.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio