A Raízen anunciou, em seu balanço financeiro do terceiro trimestre da safra 2024/25 (3T25, período de outubro a dezembro de 2024), um prejuízo líquido de R$ 2,57 bilhões, revertendo o lucro de R$ 793,3 milhões registrado no mesmo período da safra anterior (3T24). No acumulado de abril a dezembro de 2024, a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 1,66 bilhão, comparado ao lucro de R$ 1,49 bilhão alcançado no mesmo período de 2023.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de R$ 3,12 bilhões, uma queda de 20,5% em relação ao ano anterior. De acordo com a companhia, o resultado foi impulsionado pelo aumento nas vendas de açúcar e etanol, mas contrabalançado por resultados negativos nas operações de trading em todos os seus negócios. Além disso, o desempenho foi afetado pela perda de moagem devido às condições climáticas adversas e às queimadas de agosto de 2024, que impactaram a qualidade da cana e o mix de produção.
A Raízen explicou que, com a redução substancial na produção de açúcar e menor disponibilidade de produto, houve uma dinâmica de custos menos favorável, em função da menor diluição dos custos fixos e dos impactos inflacionários. A empresa também destacou que o resultado de Mobilidade apresentou uma forte base de comparação, dado o cenário favorável tanto no Brasil quanto na Argentina no ano passado.
A receita líquida da companhia alcançou R$ 66,87 bilhões, representando um aumento de 14,3% em relação ao 3T24. No entanto, o fluxo de caixa de financiamento (FCF) foi negativo em R$ 1,57 bilhão, revertendo o resultado positivo de R$ 459 milhões registrado no ano anterior. O endividamento líquido fechou em R$ 38,59 bilhões, um aumento de 22,5% em comparação ao mesmo período de 2024. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, subiu 3,2 pontos percentuais, atingindo 6,5 vezes. A companhia atribui o aumento na dívida ao maior consumo de capital de giro, à conclusão de investimentos em expansão e projetos, bem como à sazonalidade da safra.
O trimestre também foi marcado por uma oferta excessiva de diesel e pela volatilidade nos preços do biodiesel, que afeta o custo do combustível, criando um ambiente desafiador para a estratégia de suprimentos e trading da empresa. Além disso, o fechamento antecipado de algumas safras no setor agrícola resultou em uma menor demanda no segmento B2B. No ciclo Otto, a oferta crescente de etanol de milho e o aumento da produção de etanol de cana também representaram desafios adicionais.
Apesar das adversidades econômicas na Argentina, em parte causadas pela inflação, a Raízen manteve a expansão de postos Shell e lojas Shell Select, além de um aumento no volume de vendas, com destaque para o diesel e a aviação, e uma gestão eficaz da sua estratégia de suprimentos.
O clima severamente seco e as queimadas generalizadas que afetaram a região Centro-Sul a partir de agosto de 2024 prejudicaram o desenvolvimento da cana, com mais de 6 milhões de toneladas de cana própria e de fornecedores da Raízen sendo impactadas. A piora na qualidade da cana também afetou a produção de açúcar, embora tenha ocorrido um aumento na produção de etanol. A eficiência industrial foi prejudicada, o que resultou na diminuição do ritmo de moagem e na redução da disponibilidade de produtos para venda.
Apesar da menor produção de açúcar equivalente, a companhia intensificou o ritmo de vendas de açúcar e etanol próprio, alinhando-se à sua estratégia de comercialização e aproveitando as oportunidades do mercado. No segmento de cogeração, a queda na moagem e a menor disponibilidade de biomassa impactaram negativamente a geração de energia e o volume de vendas.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio