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Semana decisiva para mercados e análise do BB no agronegócio

A última semana de fevereiro promete ser movimentada para os mercados, com eventos econômicos e políticos relevantes. Segundo o economista-chefe da Ecoagro, Antônio da Luz, as eleições na Alemanha podem trazer mudanças significativas, já que o partido do atual chanceler aparece em terceiro lugar nas pesquisas, o que pode impactar a economia alemã e a estabilidade da zona do euro. Além disso, serão divulgados indicadores econômicos essenciais, como a inflação ao consumidor na Europa e a arrecadação tributária no Brasil. O índice de confiança do consumidor também ganha destaque, pois o consumo das famílias representa dois terços do PIB pelo critério de despesa.

No cenário nacional, o Boletim Focus pode apontar projeções mais altas para a inflação, refletindo o recente aumento do IGP-10. Já o IPCA-15 deve registrar alta expressiva, possivelmente superando 1%, o que pode aumentar a volatilidade do mercado e pressionar o Banco Central e o governo para ajustes fiscais. Nos Estados Unidos, será divulgado o PCE, principal indicador de inflação monitorado pelo Federal Reserve (FED), que poderá influenciar as expectativas sobre a política monetária norte-americana.

Outros fatores de impacto incluem a atividade econômica da Argentina e os estoques de petróleo, especialmente diante da recente alta no preço do barril e seus reflexos sobre o custo dos combustíveis no Brasil. No âmbito doméstico, a tributação estadual sobre combustíveis também segue no radar, uma vez que aumentos recentes, determinados sem necessidade de aprovação legislativa, têm pressionado os preços ao consumidor. Com o petróleo em alta, novas elevações de preços podem ser inevitáveis, influenciando a inflação e os custos do setor produtivo.

Ao longo da semana, discursos de dirigentes do FED devem movimentar os mercados, enquanto os dados do CAGED, referentes a janeiro, trarão um panorama sobre a geração de empregos no Brasil. Com a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos, os salários reais têm crescido acima da inflação, o que já foi apontado como uma preocupação pelo Banco Central. Na quinta-feira, a divulgação do IGP-M trará novas leituras sobre a inflação no atacado, e na sexta-feira, a taxa de desemprego medida pela PNAD e os dados da dívida bruta e líquida do governo em relação ao PIB poderão influenciar as expectativas fiscais.

Banco do Brasil no agronegócio: desafios e oportunidades

O Banco do Brasil, maior operador de crédito rural do país, apresentou seus resultados financeiros de 2024, oferecendo uma visão detalhada sobre risco e crédito no agronegócio. Apesar de algumas preocupações do mercado, o setor continua dependente de financiamento e se mantém como um dos pilares da economia nacional. Nos últimos meses, muitas ações do banco foram vendidas, o que pode representar uma oportunidade para investidores, considerando que, muitas vezes, o mercado reage a dados isolados sem avaliar o contexto mais amplo.

O provisionamento para crédito de liquidação duvidosa (PCLD) atingiu R$ 11,6 bilhões, quase o triplo da média histórica entre 2010 e 2024, que foi de R$ 4,3 bilhões. No entanto, a carteira de crédito do banco cresceu mais de 633% no mesmo período, mantendo o percentual médio histórico do PCLD sobre a carteira em 3,5%, o que indica que não há um problema estrutural.

Outro ponto de atenção recorrente é a suposta exposição excessiva do banco a riscos políticos e subsídios. Entretanto, dos R$ 343,9 bilhões da carteira classificada do agronegócio, apenas 24% são provenientes de recursos controlados pelo governo, enquanto 76% operam a taxas de mercado. Além disso, a carteira de mercado de capitais, que inclui CPRs e certificados de recebíveis, soma R$ 40 bilhões, e a carteira PJ do agronegócio representa R$ 13,5 bilhões, com um PCLD de apenas 1%. No quarto trimestre de 2024, a carteira agro cresceu 13,1%, superando os segmentos de pessoa física (4,2%) e jurídica (6%). No acumulado do ano, o agronegócio foi o setor de maior crescimento dentro do banco, registrando alta de 8,9%.

Esses números demonstram que o Banco do Brasil tem administrado seus riscos com eficiência e aproveitado oportunidades no setor agropecuário. Apesar do aumento absoluto do PCLD, o índice relativo permaneceu dentro da média histórica, reforçando a necessidade de interpretar os dados de forma ampla e contextualizada, sem conclusões precipitadas.

Indicadores econômicos e expectativas futuras

Os últimos dados econômicos revelam tendências importantes. O IBC-Br registrou uma queda de 0,73%, abaixo das expectativas, sugerindo possível desaceleração econômica. Em contrapartida, o IGP-10 subiu 0,87%, apontando para uma possível alta do IGP-M. O fluxo cambial segue negativo, com saída de US$ 9,2 bilhões até 14 de fevereiro, contrastando com a entrada de US$ 5,2 bilhões no mesmo período do ano passado.

Nos Estados Unidos, os pedidos de seguro-desemprego continuam controlados, enquanto o índice de manufatura do Fed da Filadélfia avançou para 40, impulsionado por medidas protecionistas. No entanto, essa alta também pressiona a inflação, como indicam as expectativas da Universidade de Michigan, que subiram de 3,3% para 4,3%, reduzindo a probabilidade de cortes na taxa de juros pelo FED no curto prazo.

Diante desse cenário, é essencial manter uma visão estratégica e fundamentada em dados concretos, evitando reações precipitadas a eventos isolados. O Banco do Brasil tem demonstrado resiliência no agronegócio, enquanto o ambiente macroeconômico exige atenção para possíveis ajustes na política monetária global.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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