A semana no mercado de biodiesel e suas matérias-primas foi marcada por forte volatilidade, impulsionada por fatores climáticos que afetaram a safra de soja no Brasil e pela intensificação das tensões comerciais internacionais. Estas questões resultaram em flutuações significativas nos preços dos óleos vegetais.
A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, com a imposição de novas tarifas por parte do presidente Donald Trump a partir de 4 de fevereiro, foi um dos principais fatores a influenciar o mercado. Em resposta, a China aplicou tarifas de 10 a 15% sobre cerca de US$ 10 bilhões em produtos americanos. Essa dinâmica gerou uma valorização do óleo de soja, que experimentou um aumento considerável ao longo da semana. O contrato de março na Bolsa de Chicago (CBOT) registrou elevação, especialmente devido às expectativas de redução nas importações de óleo de canola dos Estados Unidos.
A colheita da soja no Brasil, que alcançou 15,1% da área total até o dia 6 de fevereiro, está bem abaixo dos 23,1% registrados no mesmo período de 2024. O atraso na colheita, exacerbado por chuvas intensas no Centro-Oeste, pressionou os prêmios da soja e gerou incertezas sobre a disponibilidade imediata de matéria-prima para o esmagamento. Em Mato Grosso, as chuvas frequentes resultaram em grãos com alta umidade, embora a qualidade ainda esteja dentro dos padrões esperados. No Paraná, onde cerca de um terço da área já foi colhida, as produtividades médias foram de 54 sacas por hectare, abaixo da estimativa inicial de 62 sacas.
Nos próximos dias, a previsão de uma nova frente fria originada da Argentina deverá provocar chuvas sobre o Rio Grande do Sul, enquanto o Centro-Oeste e Sudeste devem experienciar temperaturas mais altas e tempo seco, favorecendo o avanço da colheita.
Enquanto isso, na Indonésia, o governo se prepara para implementar, até o final de fevereiro, uma mistura de 40% de biodiesel no óleo diesel, o que deve aumentar a produção do combustível renovável para 15,6 milhões de m³ até 2025 e reduzir as importações de diesel fóssil de 7,9 para 4,6 milhões de m³.
O contrato de óleo de soja de março/25 na CBOT fechou a US$ 45,98 cents/libra na sexta-feira, marcando uma valorização de 1,3% na semana. Já os prêmios do óleo de soja em Paranaguá fecharam a 1,70 cents/libra, com o preço do óleo FOB Paranaguá registrando um aumento de 5%, encerrando a semana a US$ 1.051,16/ton.
No mercado spot de biodiesel, a SCA Brasil registrou a comercialização de 8.995 m³, uma alta de 62% em relação à semana anterior, com o preço médio de R$ 5.646/m³, sem ICMS, permanecendo estável em comparação com o período anterior.
Entretanto, um novo relatório do Instituto Combustível Legal (ICL) revelou fraudes na mistura de biodiesel em São Paulo e Paraná. Aproximadamente 220 mil m³ de diesel foram comercializados com teor de biodiesel abaixo do estipulado por lei, o que representa 14% do mercado paranaense e 4,3% do paulista, gerando preocupações adicionais devido à discrepância nos preços entre o diesel mineral e o biodiesel, que chegou a R$ 0,37 por litro em dezembro.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), os preços médios do biodiesel negociados entre usinas e distribuidores na última semana de janeiro apresentaram uma alta de 1%, atingindo R$ 6.084,91. Apesar desse aumento, o mercado acumula uma redução de 3,9% no ano.
Nos próximos dias, os agentes do mercado devem se manter atentos às repercussões das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, além da evolução da colheita da soja no Brasil, que será crucial para a oferta e preços das matérias-primas nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio