Em março, o Brasil superou as expectativas com um recorde histórico de entrega de açúcar, alcançando 1,7 milhão de toneladas. Esse volume, maior que o registrado no mesmo período do ano passado, não provocou grandes movimentações nos preços, conforme o relatório da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) divulgado na semana passada, que esteve alinhado com as projeções da Hedgepoint Global Markets e do mercado.
A produção da safra 2024/25, no Centro-Sul do país, foi mais modesta, com moagem de 245 mil toneladas de cana, resultando em 7 mil toneladas de açúcar e 381 milhões de litros de etanol. Estes números estão abaixo da temporada anterior, como esperado para o período da entressafra.
Luciano Rodrigues, diretor da UNICA, apontou que a maior produção de etanol, tanto de cana quanto de milho, deve aliviar os riscos de oferta no mercado interno. Esse cenário reforça a expectativa de uma safra açucareira robusta para 2025/26 e sugere uma possível queda nos preços do açúcar no médio prazo.
A coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, Lívea Coda, observou que a volatilidade recente não foi gerada pelo relatório da UNICA, mas pela antecipação do vencimento do contrato de março. O mercado já indicava sinais de sobrecompra, o que favoreceu correções nos preços, agravadas por um cenário externo desfavorável, com queda nos preços do complexo energético e valorização do dólar.
Durante a semana, o mercado exibiu um movimento de consolidação, com queda de 3,8% no preço do açúcar na quarta-feira (26), seguida por uma nova redução de 4,6% na quinta-feira (27), quando rumores de vendas ativas por produtores brasileiros começaram a circular. A entrega do contrato de março superou as expectativas, atingindo 1,7 milhão de toneladas a 19,51 c/lb, um aumento expressivo sobre as 1,3 milhão de toneladas entregues em março de 2024.
Perspectivas para o Contrato de Maio
O contrato de maio será monitorado de perto nas suas primeiras sessões para compreender melhor as tendências de preço. A oferta no Brasil tende a ser mais restrita com o término da entressafra, enquanto a produção de açúcar na Índia e na Tailândia está abaixo das expectativas iniciais, o que deverá sustentar os preços no curto prazo.
Embora a produção de açúcar na Índia continue sendo otimista, com uma previsão de 30 milhões de toneladas, até o final de fevereiro, a produção estava 14% abaixo da temporada anterior (21,9 milhões de toneladas), o que pode resultar em um déficit global maior para a safra 2024/25. A analista da Hedgepoint Global Markets afirmou que, apesar disso, o fluxo comercial não deve ser afetado, já que 1 milhão de toneladas já foi autorizado para exportação.
Em relação à Tailândia, a previsão de produção foi revista de 11 milhões para 10,5 milhões de toneladas devido a condições climáticas adversas, limitando suas exportações em pelo menos 800 mil toneladas em comparação com as estimativas iniciais, o que torna o mercado mais apertado a curto prazo.
Impactos da Safra Brasileira e Comércio Internacional
A safra do Centro-Sul do Brasil pode começar de forma lenta ou com possíveis atrasos, o que dará suporte ao contrato de maio. No entanto, se a demanda internacional estiver confortável em aguardar a próxima safra brasileira, a recuperação nos preços poderá ser mais gradual. Por exemplo, a Indonésia ainda não definiu quando importará as 200 mil toneladas de açúcar aprovadas, enquanto as importações da China caíram 36% até dezembro do ano passado, com uma redução de 24% nas importações totais, considerando também o xarope e o contrabando.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio