Consumo de arroz e feijão cai no Brasil e mudanças de hábito preocupam

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O consumo de arroz e feijão, tradicionalmente a base da alimentação brasileira, tem registrado uma queda significativa nas últimas décadas. Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que, em 1985, cada brasileiro consumia, em média, 49 kg de arroz por ano. Hoje, esse número caiu para 29,2 kg. A redução também é expressiva no caso do feijão, que passou de 19 kg para 12,8 kg per capita no mesmo período.

O aumento dos preços é apontado como um dos fatores para essa mudança, mas não é o único. A urbanização e a rotina acelerada transformaram os hábitos alimentares, levando à substituição de refeições preparadas em casa por opções mais práticas. O feijão, por exemplo, exige um tempo maior de preparo, o que faz com que muitos consumidores optem por alimentos industrializados e ultraprocessados. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que cerca de 20% das calorias consumidas no país já vêm desse tipo de produto, especialmente entre as classes de menor renda.

Embora os preços do arroz e do feijão oscilem conforme as safras e as condições do mercado, os dois alimentos continuam sendo uma das opções mais acessíveis em termos de custo-benefício. O maior desafio, segundo especialistas, é conscientizar a população sobre os impactos da substituição desses alimentos por produtos industrializados. Estudos indicam que o consumo regular de feijão está associado à redução do risco de obesidade, enquanto dietas ricas em ultraprocessados aumentam a incidência de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.

O cenário levanta questionamentos sobre os impactos a longo prazo para a saúde da população e para o setor agroindustrial. A busca por alternativas para reverter essa tendência envolve desde políticas públicas de incentivo ao consumo até estratégias de comunicação e educação alimentar. O arroz e o feijão fazem parte da cultura alimentar do país e, para muitos especialistas, é essencial recolocá-los no centro da mesa dos brasileiros, tanto pelo valor nutricional quanto pela importância econômica e social desses alimentos.

Fonte: Pensar Agro