Os nematóides representam um dos maiores desafios fitossanitários para o setor sucroenergético brasileiro, estando presentes em mais de 70% dos canaviais do país. Esses parasitas causam perdas significativas, que podem variar entre 5 e 30 toneladas por hectare, comprometendo a produtividade da cultura da cana-de-açúcar.
De acordo com Leonardo Brusantin, gerente de marketing regional da Biotrop, os nematóides são verdadeiros vilões para a agricultura, pois afetam diretamente o sistema radicular das plantas. “Esses organismos prejudicam a sanidade das raízes, dificultando a absorção de água e nutrientes, além de favorecerem o ingresso de fungos e bactérias, o que agrava ainda mais os danos”, explica Brusantin.
A identificação do problema é um desafio, já que os sinais de infestação só se tornam evidentes quando o canavial já apresenta falhas e queda na produtividade. O diagnóstico inicial pode ser feito por meio de análise nematológica ou por testes de campo, comparando áreas tratadas com nematicidas e áreas sem tratamento.
Os dois principais gêneros de nematóides que atacam a cana-de-açúcar são Pratylenchus e Meloidogyne. O primeiro se desloca pelo solo e penetra nas raízes, causando danos mecânicos e abrindo portas para patógenos. Já o segundo se fixa nas raízes, formando galhas que prejudicam a absorção de água e nutrientes. Diferente das pragas, os nematóides não matam as plantas, mas sua presença danifica o sistema radicular e afeta diretamente o crescimento e a produtividade do canavial. Esse comprometimento pode resultar na necessidade de antecipar o corte da cana, elevando os custos de produção.
Historicamente, o controle dos nematóides tem sido realizado por meio de produtos químicos altamente tóxicos. Contudo, Brusantin destaca que essa abordagem está sendo gradualmente substituída por alternativas mais sustentáveis. “O manejo biológico, baseado no uso de microrganismos, tem se consolidado como uma solução eficaz e ambientalmente responsável”, afirma o gerente. Esse tipo de manejo vem sendo amplamente adotado nos últimos anos, com sucesso comprovado no controle de nematóides.
Entre os microrganismos utilizados no manejo biológico, alguns atuam diretamente sobre os nematóides jovens e adultos, enquanto outros agem sobre os ovos. O biodefensivo Biomagno, por exemplo, combina Bacillus velezensis, Bacillus thuringiensis e Bacillus amyloliquefaciens, oferecendo uma ação biofungicida e bionematicida eficaz. Esse produto tem um amplo espectro de atuação, sendo aplicável em diversos cultivos, incluindo a cana-de-açúcar, e combatendo tanto os nematóides quanto as doenças de solo mais comuns.
Brusantin ressalta ainda a importância do manejo biológico em diferentes condições de solo. “É essencial que os agricultores compreendam que a cana está sempre suscetível aos nematóides, especialmente em solos mais argilosos, bacias de vinhaça e canaviais com mais cortes. Por isso, recomendamos o uso do manejo biológico tanto em cana planta quanto em soqueira, pois essa abordagem é eficaz, sustentável e reduz impactos ambientais e toxicológicos”, conclui.
Essa mudança para o manejo biológico é vista como um passo importante para a sustentabilidade do setor sucroenergético, garantindo maior eficiência na produção e menor impacto ambiental.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio