O mercado brasileiro de feijão preto manteve um ritmo fraco de negociações ao longo da última semana, reflexo da demanda enfraquecida e dos estoques elevados. Segundo Evandro Oliveira, analista e consultor da Safras & Mercado, as cotações oscilaram entre R$ 190 e R$ 220 por saca (FOB) nas principais regiões produtoras, sem indícios de reação no curto prazo.
“A retração na demanda restringiu os negócios e limitou reajustes positivos, levando algumas regiões a conceder descontos para estimular a comercialização”, destacou Oliveira. A proximidade da colheita da segunda safra adiciona pressão ao mercado, pois um aumento na oferta pode impactar ainda mais os preços caso o ritmo de escoamento continue lento. No entanto, a recente valorização do feijão carioca ampliou a diferença de preços entre as variedades em cerca de 20%, o que pode estimular um maior consumo de feijão preto e aliviar a demanda.
Segunda safra terá redução na área plantada
A área destinada ao cultivo da segunda safra de feijão no ciclo 2024/25 será reduzida em 5,11%, passando de 1,53 milhão para 1,45 milhão de hectares, conforme estimativas de Oliveira.
O Sul do Brasil deve registrar as quedas mais expressivas, com destaque para o Rio Grande do Sul (-40,2%) e o Paraná (-17,8%), impactando diretamente a produção total. Em contrapartida, o Centro-Oeste segue em expansão, com aumento de 6,8% na área plantada e crescimento de 14,2% na produção.
Apesar da redução da área, a produtividade média nacional pode crescer 2,16%, atingindo 1.031 quilos por hectare. Isso deve amenizar a queda na produção total, estimada em 1,497 milhão de toneladas, uma retração de 3,07%.
Feijão carioca apresenta resistência na comercialização
O mercado de feijão carioca iniciou a semana com uma absorção rápida da oferta, mas encontrou resistência dos compradores diante das tentativas de reajuste por parte dos corretores.
“A escassez de feijão extra de alta qualidade segue crítica, mantendo a tendência de valorização”, explicou Oliveira. Lotes armazenados em câmara fria foram negociados entre R$ 240 e R$ 260 por saca (FOB), enquanto na Zona Cerealista de São Paulo os valores oscilaram entre R$ 305 e R$ 310 por saca (CIF), sem fechamento de negócios concretos.
As empacotadoras seguem pressionadas para recompor estoques, o que sustenta os preços. A comercialização do feijão extra ocorre, em grande parte, via amostras, refletindo a seletividade dos compradores. Lotes com notas 7,5 e 8 foram negociados entre R$ 190 e R$ 210 por saca (FOB) em Minas Gerais, enquanto os de melhor qualidade (notas 8,5 e 9) alcançaram entre R$ 250 e R$ 280 por saca (FOB).
Ao longo da semana, a limitação da oferta e a cautela dos vendedores evitaram quedas mais expressivas nos preços. Com a expectativa de aumento da colheita da segunda safra em abril, o mercado segue atento à dinâmica entre oferta e demanda. “No curto prazo, espera-se estabilidade, com tendência de valorização devido à baixa disponibilidade do feijão extra”, concluiu Oliveira.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio