Os mercados acionários asiáticos registraram quedas nesta terça-feira, pressionados pelo recuo das ações do setor de tecnologia da China, após um forte rali recente. Os investidores avaliam a possibilidade de tarifas norte-americanas mais brandas do que o esperado, enquanto o dólar se mantém próximo ao seu maior nível em três semanas, impulsionado por dados econômicos positivos nos Estados Unidos.
O mercado segue atento à implementação das tarifas recíprocas prometidas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e seus potenciais impactos na economia global. O temor de uma escalada na guerra comercial continua a influenciar os movimentos financeiros. Na segunda-feira, Trump afirmou que as tarifas sobre automóveis seriam aplicadas em breve, embora tenha sinalizado que nem todos os impostos anteriormente ameaçados serão implementados em 2 de abril, sugerindo espaço para negociações.
Esse cenário gerou uma reação otimista nos mercados internacionais. O índice S&P 500 (.SPX) atingiu seu patamar mais elevado em mais de duas semanas, enquanto o Nasdaq (.IXIC) subiu mais de 2%, impulsionado pelo setor de tecnologia. No entanto, o movimento positivo das bolsas asiáticas no início do pregão perdeu força ao longo do dia. O índice MSCI para a Ásia-Pacífico, excluindo o Japão (.MIAPJ0000PUS), registrou queda de 0,35% antes da abertura dos mercados europeus. Os futuros das bolsas europeias recuaram 0,24%, enquanto os futuros do S&P 500 e do Nasdaq também apresentaram leve retração.
Charu Chanana, estrategista-chefe de investimentos da Saxo, destacou que a incerteza em torno das tarifas torna o planejamento empresarial desafiador. “Os mercados podem reagir a cada manchete, mas as empresas necessitam de clareza. A falta de previsibilidade pode prejudicar os lucros no curto prazo”, afirmou. Já Kyle Rodda, analista sênior da Capital.com, ressaltou que ainda é necessário compreender em detalhes o alcance das tarifas e seu impacto sobre o sistema de comércio global. “Ainda não estamos completamente livres de riscos”, alertou.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng (.HIS) recuou 1,8%, liderado por perdas no setor de tecnologia. A Xiaomi (1810.HK) viu suas ações despencarem após ampliar sua oferta de venda de ações em US$ 5,5 bilhões, gerando preocupação sobre possíveis avaliações exageradas no mercado. Segundo Steven Leung, diretor de vendas institucionais da UOB Kay Hian, a colocação da Xiaomi serviu como um pretexto para a correção, após a alta expressiva de 6.000 pontos no Hang Seng este ano. Apesar do recuo, o índice acumula valorização de 17% em 2024, impulsionado pelas apostas no setor de inteligência artificial, em especial após a estreia da startup DeepSeek.
Dólar em alta com dados econômicos robustos
O dólar atingiu sua maior cotação em três semanas frente ao iene, a 150,95, após avançar 0,9% na sessão anterior. Frente ao euro, a moeda americana permaneceu em US$ 1,0781, impulsionada por indicadores econômicos dos EUA que superaram as expectativas.
Dados recentes revelaram que o índice PMI Composto da S&P Global, que mede os setores de manufatura e serviços, subiu para 53,5 em março, ante 51,6 em fevereiro. Uma leitura acima de 50 indica expansão da atividade econômica. Esses resultados sugerem uma retomada do crescimento após um período de desaceleração no primeiro trimestre. No entanto, outros indicadores, como as vendas no varejo e o mercado de trabalho, apontam fragilidades estruturais na economia americana.
O fortalecimento do dólar também trouxe impactos negativos para os mercados emergentes. A rupia indonésia atingiu seu menor nível desde junho de 1998, durante a crise financeira asiática, refletindo preocupações crescentes sobre a estabilidade fiscal do país.
Agora, os investidores aguardam detalhes sobre o tamanho e o alcance das tarifas recíprocas que serão anunciadas na próxima semana, bem como quais países serão alvo das medidas adotadas pelo governo Trump.
Mercado de commodities segue estável
Os preços do petróleo registraram leve oscilação nesta terça-feira, após um avanço de 1% na sessão anterior. O Brent foi cotado a US$ 73,02 por barril, com alta de apenas 2 centavos, enquanto o WTI permaneceu estável em US$ 69,11.
O ouro seguiu praticamente inalterado, cotado a US$ 3.015,87 por onça, após um membro do Federal Reserve adotar uma postura cautelosa em relação a cortes nas taxas de juros ainda este ano.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio