O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) tem buscado aprimorar o entendimento sobre a cadeia de valor de frutos típicos do Cerrado, com especial foco no baru, uma das espécies mais representativas dessa região. Werner Bessa, diretor de Estudos e Políticas Ambientais e Territoriais do IPEDF, enfatizou a importância da preservação do bioma, destacando a integração das atividades agrícolas, pecuárias e florestais como um caminho eficaz para promover a sustentabilidade. “Nosso objetivo é contribuir com informações sólidas para a alta gestão do governo local, fundamentadas em dados científicos, garantindo decisões embasadas e eficazes”, afirmou Bessa durante visita à Embrapa Cerrados.
A equipe do IPEDF, acompanhada de servidores e bolsistas, teve a oportunidade de conhecer de perto as pesquisas sobre o cultivo do baru, com foco na promoção de uma troca de conhecimentos com os especialistas da Embrapa Cerrados. O Instituto conduz o projeto “Caminhos da Restauração e Valoração de Produtos Florestais Não Madeireiros”, que busca aprimorar as práticas dessas cadeias produtivas, visando também a formulação de políticas públicas, como a distribuição de alimentos para escolas da rede pública.
A visita ocorreu em 19 de fevereiro, na sede da Embrapa Cerrados, em Planaltina-DF, com recepção da pesquisadora Helenice Gonçalves, responsável pelo projeto “Intensificação Sustentável do Cultivo e Qualidade Alimentar do Baruzeiro”. A pesquisadora ressaltou a importância da colaboração entre as instituições para o sucesso das iniciativas. “Nosso projeto está no último ano da fase operacional, mas, por se tratar de uma espécie perene, a continuidade do trabalho é fundamental”, destacou Helenice, que também mencionou que o baru, juntamente com outras frutas nativas como o pequi, cagaita, araticum e mangaba, figura entre as prioridades da Embrapa Cerrados.
A pesquisadora também informou que o baru integra o Programa de Domesticação das Espécies Nativas, iniciado em 2019 com o projeto “Seleção e Manejo de Fruteiras Nativas do Cerrado para Utilização em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)”. Segundo Helenice, o avanço significativo desse projeto demonstra que os sistemas integrados já são uma realidade, com diversos ensaios em campo apresentando resultados promissores.
Durante a visita, a pesquisadora apresentou os múltiplos usos do baru, ressaltando que “do baruzeiro, aproveita-se tudo”. Além da amêndoa altamente nutritiva, a polpa pode ser consumida in natura ou utilizada em receitas, e cascas e outros resíduos são aplicados em agricultura, compostagem e até em processos de bioenergia. Além disso, essas partes podem ser usadas na produção de artesanato, ampliando as possibilidades econômicas para os produtores.
Os pesquisadores Júlio César dos Reis, Carlos Eduardo Lazarini e Tadeu Graciolli também participaram da visita. Graciolli, responsável por um experimento que estuda a produção de baru em consórcio com café irrigado no Cerrado, destacou a relevância desse projeto, que, desde 2022, demonstra grande potencial para o desempenho agrícola da espécie. “A área está se desenvolvendo muito bem, com grande potencial de rendimento, e acredito que teremos muitos dados valiosos a partir desse estudo”, afirmou Graciolli.
Ele também fez uma importante observação sobre a fruticultura: “É essencial que a fruticultura seja consorciada desde o início, visto que se trata de um investimento a longo prazo. O pequeno produtor só se comprometerá quando conseguir viabilizar o fluxo de caixa necessário para sustentar o processo”, concluiu.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio