O Rabobank divulgou um novo estudo sobre o panorama macroeconômico brasileiro, com foco nas recentes decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). O relatório, intitulado “Perdendo impulso?”, foi elaborado pelos especialistas Maurício Une e Renan Alves e traz uma análise detalhada do cenário global e doméstico.
Mercado internacional: incertezas tarifárias e medidas econômicas
No contexto externo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu adiar até 2 de abril a imposição de tarifas sobre produtos importados do México e do Canadá. Paralelamente, a Alemanha anunciou um investimento de até 900 bilhões de euros em defesa e infraestrutura. Ainda nos EUA, os dados do mercado de trabalho mostraram a criação de 151 mil empregos em fevereiro, abaixo da projeção do mercado de 160 mil, mas acima dos 125 mil registrados em janeiro. A taxa de desemprego norte-americana subiu para 4,1%, contra 4% no mês anterior.
Cenário doméstico: PIB abaixo do esperado e medidas contra a inflação
No Brasil, o crescimento do PIB em 2024 foi de 3,4% em relação ao ano anterior, levemente abaixo das projeções do mercado e do próprio Rabobank, que previam 3,5%. O desempenho da economia no quarto trimestre, no entanto, apontou uma desaceleração. Pelo lado da oferta, o setor de serviços foi o destaque do ano. Já pelo lado da demanda, a formação de capital fixo seguiu como principal motor de crescimento.
Para conter a inflação, o governo zerou a alíquota de importação de diversos alimentos. Essa medida visa reduzir a pressão sobre os preços e aliviar o custo de vida da população. Ainda assim, a incerteza econômica e tarifária predomina, reduzindo o otimismo observado no início do ano.
Dólar e balança comercial: real oscila diante do cenário global
O dólar encerrou a última semana cotado a R$ 5,79, com uma valorização semanal de 1,6% do real frente à moeda norte-americana. Ainda assim, a moeda brasileira teve o nono melhor desempenho entre 24 divisas emergentes. O Rabobank prevê que o dólar termine 2025 cotado a R$ 6,09, refletindo as incertezas econômicas globais e locais.
Na balança comercial, o Brasil registrou um déficit de US$ 323 milhões, muito aquém da expectativa de superávit de US$ 1,9 bilhão. Esse resultado foi impactado por uma importação atípica de uma plataforma de petróleo da China, no valor de US$ 2,7 bilhões. Sem essa operação, o saldo teria sido positivo em US$ 2,4 bilhões.
Próximos indicadores no radar do mercado
Nos próximos dias, os investidores estarão atentos à divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), previsto para quarta-feira, com estimativa de alta mensal de 1,32% e anual de 5,07%. Além disso, serão conhecidos dados de atividade econômica referentes a janeiro, incluindo produção industrial (terça-feira), volume de serviços (quinta-feira) e vendas do varejo (sexta-feira).
Outros indicadores importantes incluem o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), a ser divulgado na segunda-feira, e os dados fiscais do setor público, esperados para quarta-feira. No cenário regional, o destaque é a decisão de juros do Peru na quinta-feira, com expectativa de manutenção da taxa em 4,75% ao ano. O país também divulgará sua taxa de desemprego e dados de atividade econômica de janeiro no fim de semana. Já a Colômbia apresentará seus indicadores de atividade econômica na sexta-feira.
Com um cenário global e doméstico marcado por incertezas, os mercados seguem atentos às decisões econômicas e políticas que poderão influenciar os rumos da economia nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio