Correção do solo impulsiona produtividade de cafezal em SP e pode ser alternativa frente à queda nacional da safra

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A produção nacional de café deve enfrentar uma retração em 2025. Segundo a estimativa mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita deve totalizar 51,8 milhões de sacas, volume 4,4% inferior ao registrado em 2024, quando o país produziu 54,2 milhões de sacas. As condições climáticas adversas, como o excesso de calor no início do ano e a escassez de chuvas nas fases de floração, são apontadas como os principais fatores para a redução.

Diante desse cenário desafiador, produtores vêm recorrendo a estratégias para manter — e até elevar — a produtividade dos cafezais. É o caso de Claiton Sandro Corcovia, agricultor de Timburi, no interior paulista, que aposta na correção do solo como solução para alavancar a produção de sua lavoura.

Após análise técnica, Corcovia aplicou calcário micronizado em sua propriedade e estima colher 125 sacas por hectare em 2025 — um salto expressivo frente às 60 sacas por hectare colhidas no ciclo anterior.

Segundo o químico Cláudio Monteiro, da Massari Mineradora, o uso do calcário micronizado se mostrou decisivo no processo. “Esse produto possui alta capacidade de percolação no solo, o que permite neutralizar o alumínio tóxico e elevar o pH, reduzindo a acidez e corrigindo as condições do terreno”, explica.

Diagnóstico do solo e composição da mistura

A análise realizada pela equipe técnica revelou que o solo do cafezal, com sete anos de cultivo, apresentava elevada acidez, fator que compromete o desenvolvimento das plantas. A correção envolveu o uso de uma mistura de calcários com diferentes granulometrias, proporcionando liberação gradual dos nutrientes.

“Essa mescla promoveu o aumento da concentração de cálcio e magnésio, vindos do calcário, além da elevação do enxofre, oriundo da combinação com gesso agrícola e enxofre elementar. O resultado foi uma melhora tanto na superfície quanto na subsuperfície do solo”, detalha Monteiro.

Liberação de fósforo e uso de boro

Outro efeito positivo observado foi a liberação de fósforo previamente aprisionado no solo, decorrente da elevação do pH após a correção. A mistura aplicada também continha a rocha natural Ulexita, de origem boliviana, rica em boro — nutriente essencial para o desenvolvimento do cafeeiro.

“Não há dúvida de que o boro teve papel fundamental na resposta positiva da lavoura. A estimativa é que a produtividade alcance entre 120 e 125 sacas por hectare. Agora, aguardamos a colheita, prevista para maio, para confirmar os resultados”, afirma o químico. Para comparação, a média nacional estimada pela Conab para a safra de 2025 é de apenas 28 sacas por hectare.

Expectativa de nova aplicação e expansão da técnica

Animado com os resultados, o produtor Claiton Corcovia ressalta a transformação observada em sua lavoura: “Desde que começamos a fazer a correção do solo da forma adequada, percebo uma melhora significativa na produção e na aparência das plantas”.

Diante da expectativa de alta produtividade, uma nova aplicação do corretivo está sendo planejada. Desta vez, a mistura incluirá fósforo natural reativo, extraído da rocha peruana Bayóvar, além de uma fonte de potássio de rocha in natura e zinco.

Com a técnica ganhando espaço, a correção do solo surge como alternativa estratégica para mitigar os impactos climáticos e manter a sustentabilidade da produção cafeeira no Brasil.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio