Estudo da Epamig busca alternativas sustentáveis para a pecuária
A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) está preparando um projeto voltado à avaliação de tecnologias que contribuam para a redução da emissão de gás metano por bovinos. A proposta integra as metas estabelecidas no Plano Estadual de Ação Climática (PLAC), que visa à neutralização das emissões líquidas de carbono em Minas Gerais até 2050. No que diz respeito à pecuária, a meta específica é reduzir em 36% a emissão de metano até 2030, em comparação com a década anterior.
O papel da pecuária nas mudanças climáticas
O aquecimento global decorre da emissão de diversos Gases de Efeito Estufa (GEE), originados de atividades como o uso de combustíveis fósseis, o desmatamento e a produção agropecuária. A pecuária bovina é especialmente pressionada por ser uma das principais fontes de metano – gás com alto potencial de aquecimento –, liberado principalmente por meio dos arrotos dos animais, durante o processo digestivo no rúmen, uma das quatro cavidades do estômago dos bovinos.
Minas Gerais e sua responsabilidade no setor pecuário
Minas Gerais possui o quarto maior rebanho bovino do Brasil e lidera a produção nacional de leite, sendo responsável por 27% do total. De acordo com o Inventário de Emissões e Remoções de GEE, elaborado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), a pecuária bovina representa cerca de 70% das emissões do setor agropecuário mineiro. Esse dado reforça a importância da adoção de medidas que promovam uma pecuária de baixo carbono.
Estratégias de mitigação propostas pela Epamig
Segundo a pesquisadora Edilane Aparecida da Silva, coordenadora de bovinocultura da Epamig, o projeto pretende apresentar diferentes alternativas para reduzir as emissões de metano entérico – resultado da fermentação digestiva dos ruminantes. Uma das soluções a curto prazo consiste em testar produtos já disponíveis no mercado que, ao serem incluídos na dieta dos animais, possam diminuir a formação do gás durante o processo digestivo.
Além disso, a pesquisa também contempla estratégias de médio prazo, como a utilização de óleos essenciais e oleaginosas – entre elas o caroço de algodão e o óleo de soja – na alimentação dos bovinos. A ideia é identificar ingredientes que contribuam para mitigar a produção de metano sem comprometer o desempenho produtivo dos animais.
Ainda conforme Edilane, os testes laboratoriais serão a primeira etapa do estudo. Os produtos que apresentarem resultados promissores quanto à redução do metano serão posteriormente avaliados em bovinos leiteiros. O projeto de pesquisa, já concluído, será submetido à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a instituições financiadoras.
Plano Estadual de Ação Climática (PLAC)
O PLAC foi instituído para guiar Minas Gerais rumo ao cumprimento das metas estabelecidas pela campanha global Race to Zero, que propõe zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. Minas foi pioneiro na América Latina e no Caribe ao aderir à iniciativa, formalizada em 2021 pelo governador Romeu Zema e pelo embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson.
No setor agropecuário, além da meta de redução de metano na pecuária bovina, o plano também contempla ações para promover a agricultura de baixa emissão de carbono, a agricultura orgânica e a utilização de resíduos agropecuários na geração de energia, substituindo os combustíveis fósseis. A implementação dessas estratégias é coordenada pela Seapa, com apoio da Epamig e da Emater-MG.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio