Avanços genéticos no setor leiteiro brasileiro
A genética bovina tem se consolidado como uma das principais aliadas da produtividade na pecuária leiteira, especialmente no Brasil, um país caracterizado por desafios relacionados à sanidade animal, rentabilidade e diversidade climática. O uso de ferramentas genéticas avançadas tem permitido aos produtores avaliar com mais precisão seu rebanho, criando animais mais fortes, produtivos e adaptados às particularidades de suas regiões.
De acordo com um levantamento realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (ABCG), por meio do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), o uso de ferramentas genômicas trouxe avanços notáveis. Entre 2000 e 2022, a produção média de leite em 305 dias cresceu 88%, passando de 3.683 kg para 6.930 kg por vaca.
A parceria que trouxe inovação ao campo
Este salto na produtividade é um reflexo direto da integração entre ciência e campo. Desde 2011, a Zoetis, maior empresa de saúde animal do mundo, mantém uma parceria estratégica com a Embrapa e a CRV Lagoa, que culminou no lançamento do Clarifide Girolando em 2018, a primeira ferramenta de seleção genômica desenvolvida no Brasil para bovinos leiteiros.
A partir dessa inovação, produtores de diversos portes passaram a contar com uma ferramenta precisa, capaz de oferecer dados genéticos confiáveis em cerca de 60 dias. Isso possibilitou uma tomada de decisão mais assertiva na seleção de fêmeas e na reprodução dos rebanhos. Juliano Melo, Gerente de Produto da linha de genética da Zoetis, explica que “com o uso da genômica, o produtor investe onde realmente vale a pena, evitando custos com vacas e novilhas de menor desempenho e direcionando o uso de tecnologias como sêmen sexado, Fertilização In Vitro e Transferência de Embriões com base em dados concretos”.
Tecnologia e adaptação ao clima tropical
A escolha da raça Girolando para o desenvolvimento dessa ferramenta não foi por acaso. Conhecida por sua alta produtividade, qualidade do leite e fertilidade, a raça Girolando é especialmente adaptada às condições climáticas brasileiras e oferece maior resistência a doenças. Esses fatores são fundamentais para a sustentabilidade da produção leiteira em um país de clima tropical, onde as variações climáticas podem impactar diretamente a produtividade.
Os testes genéticos, realizados a partir de uma amostra de pelos, permitem que os produtores façam uma leitura precisa do DNA dos animais. A tecnologia de chip especializado interpreta os marcadores genômicos, permitindo calcular valores genéticos com alta precisão. Isso possibilita a identificação precoce de animais com maior potencial produtivo e reprodutivo, otimizando o manejo e ajudando a direcionar melhor os investimentos.
Resultados confiáveis e decisões mais assertivas
“Diversas variáveis impactam a capacidade produtiva de um rebanho, como nutrição, sanidade e manejo, mas hoje, com apenas uma amostra de pelo, já é possível predizer o potencial produtivo e reprodutivo dos animais. Isso permite ao pecuarista tomar decisões com mais clareza e gerar insights de alto valor, especialmente na seleção de fêmeas do rebanho”, afirma Melo.
Essas tecnologias trouxeram aos produtores a mesma segurança genética na seleção de fêmeas que, anteriormente, era restrita à avaliação de touros por meio de sumários. O Gerente de Produto destaca que “agora, o programa de seleção da fazenda ganha mais equilíbrio, previsibilidade e retorno. As avaliações genômicas presentes no Sumário Nacional de Vacas Girolando, por exemplo, já alcançam acurácias superiores a 80%, garantindo alto nível de confiabilidade e comparável aos sumários tradicionais de touros”.
O futuro da pecuária leiteira
A tendência de adoção das tecnologias genômicas no campo é clara: elas chegaram para transformar a pecuária leiteira. “A genética na reprodução do rebanho deixou de ser uma aposta para se tornar uma estratégia consolidada – clara, confiável e decisiva para o futuro do rebanho. Com ela, é possível identificar com precisão os animais com maior potencial, o que se traduz em melhores resultados no campo, menos desperdício de recursos e mais retorno sobre o investimento”, conclui Melo.
Essa revolução genética não só favorece a rentabilidade, como também contribui para o bem-estar animal e a sustentabilidade da atividade leiteira no Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio