Desenvolvimento das Primeiras Plantas Transgênicas de Algodão na Argentina
Pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina estão desenvolvendo, com base em uma tecnologia inovadora de RNA de interferência (ARNi), as primeiras plantas transgênicas de algodão do país. Essas plantas são capazes de bloquear o crescimento e o desenvolvimento do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), considerada a praga mais devastadora para essa cultura. O projeto visa reduzir de forma significativa o uso de inseticidas e aprimorar o manejo do cultivo, especialmente nas principais regiões produtoras, como Chaco, Formosa, Santa Fé e Santiago del Estero.
Funcionamento da Tecnologia de ARNi
Desde 2019, o Instituto de Genética do INTA vem trabalhando na incorporação de uma molécula de ARNi ao genoma das plantas de algodão. Essa molécula inibe o metabolismo de uma enzima essencial ao desenvolvimento do inseto. De acordo com a pesquisadora Laura Maskin, as análises moleculares confirmaram que as moléculas de ARNi são corretamente produzidas nas células das plantas, que, por sua vez, mantêm desenvolvimento e fertilidade normais.
A tecnologia de ARNi representa uma nova geração de bioinseticidas, altamente específicos e com baixo impacto ambiental. Trata-se de um mecanismo natural das células que regula a expressão gênica. A eficácia dessa abordagem já foi comprovada em outros casos, como no milho transgênico com ARNi, utilizado para o controle do besouro Diabrotica virgifera. Esse milho foi comercializado na Argentina a partir de 2018 e, mais recentemente, também nos Estados Unidos e no Canadá. Empresas como Syngenta e GreenLight Biosciences já realizaram testes de campo com aplicações de ARNi por pulverização, ampliando ainda mais as possibilidades dessa tecnologia.
Próximos Passos e Multiplicação das Plantas
Paralelamente ao desenvolvimento genético, o INTA Sáenz Peña, localizado em Chaco, trabalha na multiplicação das plantas tanto em campo quanto em ambientes controlados. O objetivo é garantir a estabilidade e a hereditariedade da molécula de ARNi nas futuras gerações de algodoeiros.
O projeto é realizado por meio de um convênio entre o INTA e representantes das quatro principais províncias algodoeiras, com o apoio da Secretaria de Agricultura da Argentina, reforçando o compromisso com a inovação sustentável no setor agrícola.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio