O mercado brasileiro de trigo encerrou a segunda semana de abril em um cenário de intensa volatilidade e elevação nos preços. A instabilidade cambial e as incertezas no panorama internacional foram os principais fatores que influenciaram esse comportamento. De acordo com o analista e consultor da Safras & Mercado, Elcio Bento, a valorização do dólar frente ao real teve papel determinante, ao encarecer o trigo importado e impulsionar os preços do produto nacional.
Nos primeiros dias da semana, a oscilação do câmbio — com o dólar variando entre R$ 5,66 e R$ 5,93 — comprometeu o andamento dos negócios. “Tanto compradores quanto vendedores adotaram uma postura cautelosa, o que resultou em um número reduzido de negociações efetivadas”, observou Bento.
A firmeza nos preços se manteve até a quarta-feira, sustentada pela limitação na oferta interna. “O valor do trigo brasileiro está, em média, 30% acima do registrado no mesmo período do ano passado, reflexo da menor disponibilidade no mercado doméstico. Como a nova safra é esperada apenas para meados de setembro, a tendência é de que os preços sigam firmes”, acrescentou o analista.
Nos últimos dois dias da semana, o ritmo de comercialização permaneceu baixo. No Rio Grande do Sul, as ofertas de compra oscilaram entre R$ 1.450 e R$ 1.460 por tonelada, enquanto os vendedores mantiveram resistência em negociar abaixo de R$ 1.500. No Paraná, o cenário foi semelhante: os moinhos indicavam compras próximas a R$ 1.650, enquanto os vendedores solicitavam R$ 1.700. Diante da demanda da indústria e dos estoques limitados, o Paraná projeta necessidade de importação de aproximadamente 430 mil toneladas até o fim da temporada.
No cenário externo, o mercado de trigo nos Estados Unidos operou com instabilidade, influenciado pelas condições climáticas nas lavouras e pelas tensões da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), divulgado na sexta-feira, confirmou a manutenção de estoques elevados no país e em nível global, o que exerceu pressão sobre os preços internacionais. Ainda assim, a desvalorização do dólar ajudou a conter quedas mais acentuadas.
Relatório do USDA
O USDA divulgou na quinta-feira (10) a atualização do relatório de oferta e demanda referente ao mês de abril, com os dados revisados para a safra 2024/25 nos Estados Unidos. A produção de trigo no país foi estimada em 1,971 bilhão de bushels — mesmo volume apontado na projeção de março. Para a safra 2023/24, a produção ficou em 1,804 bilhão de bushels.
Os estoques finais para 2024/25 foram projetados em 846 milhões de bushels, número acima dos 819 milhões estimados no mês anterior e acima também da expectativa do mercado, que era de 822 milhões. Para 2023/24, os estoques ficaram em 696 milhões de bushels.
Em relação às exportações, a estimativa para 2024/25 foi reduzida para 820 milhões de bushels, ante os 835 milhões previstos em março. Para a temporada 2023/24, a projeção foi mantida em 707 milhões de bushels.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio