O manejo correto dos suínos nas etapas que antecedem o abate é decisivo tanto para o bem-estar animal quanto para a qualidade final da carne. Segundo a zootecnista Letícia Matoso, da Auster Nutrição Animal, diversos cuidados são fundamentais neste processo, desde a preparação dos animais na propriedade até o momento do descanso no frigorífico.
“É essencial garantir que o jejum seja feito de maneira adequada, assim como o embarque e desembarque sem estresse. O tempo de descanso ao chegar no frigorífico também deve ser respeitado. Cada etapa influencia diretamente na saúde e no conforto dos suínos até o momento do abate”, afirma a especialista.
De acordo com Letícia, o planejamento detalhado das etapas que envolvem o envio dos animais ao frigorífico é indispensável para um bom desempenho logístico e operacional. “É preciso avaliar o estado de saúde dos suínos nos últimos dias antes do abate para assegurar um transporte seguro. Além disso, é necessário organizar toda a documentação e definir o número de veículos que será utilizado no carregamento”, orienta.
Outro ponto crucial é o cálculo correto da densidade de transporte. Para isso, é preciso conhecer o peso dos animais e a quantidade por carga, a fim de garantir o espaço adequado no caminhão. A Instrução Normativa nº 113, que trata do bem-estar de suínos, recomenda o uso da fórmula: A = k x PV^0,667, onde A é a área necessária em metros quadrados, PV é o peso vivo em quilos e k é uma constante igual a 0,027.
Esse cálculo permite que os suínos tenham espaço suficiente para se deitarem lateralmente e se movimentarem, o que contribui para seu conforto e regulação térmica durante o transporte. “Por exemplo, um suíno com 124 quilos precisa de aproximadamente 0,67 m². Respeitar essa densidade evita escoriações, fraturas e até mortes no trajeto”, pontua Letícia.
O jejum prévio também deve ser cuidadosamente planejado. A ração deve ser retirada de 8 a 12 horas antes do abate, o que facilita o transporte e reduz o risco de contaminação da carcaça. “Durante esse período, é indispensável garantir acesso à água. E, sempre que possível, enriquecer o ambiente das baias contribui para o bem-estar dos suínos”, recomenda.
A zootecnista alerta ainda que o tempo total de jejum — somando o período na granja, transporte e descanso no frigorífico — não deve ultrapassar 18 horas. Para o embarque, é necessário que as instalações estejam limpas, secas e livres de obstáculos, com estruturas antiderrapantes para facilitar a locomoção. “Os suínos são animais pesados e sedentários. Por isso, a estrutura da granja deve favorecer um manejo seguro e confortável”, explica.
A qualidade da carne, objetivo final da produção, está diretamente relacionada às boas práticas de manejo. Por isso, o treinamento das equipes de carregamento é fundamental. Os animais devem ser conduzidos com calma, em grupos de no máximo seis a oito suínos, utilizando tábuas de manejo ou lonas. O desembarque deve ser rápido e tranquilo, e as baias de descanso no frigorífico precisam oferecer conforto, com sistemas de aspersão e fornecimento de água para aliviar o estresse pós-transporte.
“O manejo deve sempre priorizar o bem-estar dos suínos e ser seguido à risca por todos os envolvidos na produção e no processamento da carne. A qualidade final do produto depende de fatores como genética, sanidade e nutrição, mas, sobretudo, da excelência na condução dos manejos em todas as fases da criação”, finaliza Letícia.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio