Mercado internacional do açúcar atinge mínimas do ano com pressões macroeconômicas e avanço das exportações tailandesas

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Queda nas cotações internacionais marca o início de 2024

O relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, traz uma análise abrangente do mercado de açúcar, destacando que os preços internacionais encerraram março com uma queda de 3,3%. Em abril, o recuo continuou, acumulando baixa de 7,1% nos primeiros 15 dias do mês. Em 15 de abril, o açúcar era negociado a US$ 17,52 por libra-peso, refletindo não apenas a volatilidade macroeconômica e a desvalorização do real, mas também o avanço das exportações por parte da Tailândia.

Embora a colheita tailandesa já tenha se encerrado, as usinas locais estão atrasadas nas vendas. Estima-se que quase metade do volume ainda não tenha sido fixado, o que contribui para a pressão sobre os preços globais.

Encerramento da safra 2024/25 no Centro-Sul surpreende positivamente

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) divulgou os dados finais da safra 2024/25 na região Centro-Sul do Brasil, com a moagem totalizando 622 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 5% em relação à temporada anterior. Apesar das condições climáticas adversas no ano passado, o resultado demonstrou a resiliência da cultura da cana-de-açúcar.

O clima seco de março favoreceu o início antecipado da nova colheita em algumas usinas, ainda contabilizada na safra 2024/25. A produção de açúcar fechou em 40,2 milhões de toneladas, retração de 5% ante a safra 2023/24, enquanto a produção de etanol de cana foi de 26,8 bilhões de litros, queda de 2%.

O mix de produção das usinas destinou 48,1% da cana ao açúcar, abaixo dos 48,9% da safra anterior. Essa mudança ocorreu devido à redução na qualidade da matéria-prima, e não por questões de remuneração — uma vez que o açúcar continuou mais rentável que o etanol no período.

Clima seco impacta estimativas da safra 2025/26

Para a safra 2025/26, iniciada em abril, as estimativas de moagem foram revistas para baixo. O volume de chuvas registrado em fevereiro e março ficou abaixo da média histórica, levando a consultoria a reduzir a projeção de moagem para 590 milhões de toneladas, frente aos 601 milhões previstos anteriormente e 5% abaixo da safra recém-encerrada.

Com base em um ATR médio estimado de 141 kg por tonelada de cana e um mix de açúcar de 52%, a produção prevista de açúcar foi ajustada para 41,2 milhões de toneladas — inferior à projeção anterior de 42 milhões, mas ainda 2,7% superior ao volume efetivamente produzido na safra 2024/25.

Expectativa de superávit global pressiona os preços

O Itaú BBA também revisou o balanço global de açúcar para a safra 2024/25, incorporando quebras nas safras da Índia e do Paquistão. Ainda que essas perdas tenham sido parcialmente compensadas por uma retração no consumo, o déficit projetado é de 4,3 milhões de toneladas.

Para a safra 2025/26, a perspectiva inicial aponta para um superávit global de 2,7 milhões de toneladas, cenário que depende da manutenção dos atuais níveis de produção — especialmente no Brasil — e da atratividade do açúcar frente ao etanol.

Remuneração favorece produção de açúcar, mas preços podem mudar estratégia das usinas

O cenário atual segue apontando para a maximização da produção de açúcar pelas usinas brasileiras, impulsionadas pelo prêmio do açúcar em relação ao etanol. Tradicionalmente, essa maximização ocorre quando o prêmio do açúcar supera os US$ 3,0/lb sobre o etanol hidratado. Com o etanol hidratado equivalente a US$ 15,5/lb, o açúcar bruto abaixo dos US$ 18,5/lb pode levar ao redirecionamento de parte da cana para a produção de etanol.

Caso os preços internacionais do açúcar se mantenham nos patamares atuais por um período prolongado, é possível observar um movimento de retorno das usinas à produção de etanol — o que serviria como suporte ao mercado global, reduzindo o superávit projetado.

No entanto, a flexibilidade para essa mudança na safra 2025/26 está limitada, uma vez que a maioria das usinas já comercializou boa parte da produção esperada. Dessa forma, as variações de preço terão efeito mais restrito na safra atual, com impacto mais significativo somente a partir da próxima.

Cenário macroeconômico global também influencia preços

O contexto macroeconômico mundial, especialmente com os desdobramentos das tarifas impostas na era Trump, também representa um fator importante para o mercado de açúcar. Uma desaceleração da economia global pode afetar a demanda por açúcar.

Além disso, recessões globais tendem a impactar negativamente os preços do petróleo e da energia, o que, por consequência, reduz a atratividade do etanol e pressiona os preços do açúcar para baixo, enfraquecendo os níveis de suporte observados atualmente no mercado.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio