Cerca de 350 alunos da Escola Estadual de Desenvolvimento Integral da Educação Básica (EEDIEB) Alcebíades Calháo participaram, na manhã desta terça-feira (15), da palestra sobre Transtorno do Espectro Autista (TEA) promovida pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT). A iniciativa faz parte da campanha “Conheça e Entenda o Autismo”, lançada recentemente pelo Centro de Apoio Operacional (CAO) de Defesa da Pessoa com Deficiência, com o objetivo de sensibilizar alunos para que conheçam e compreendam essa condição neurodivergente.“Respeito e inclusão é o que esperamos de todos vocês”, declarou a promotora de Justiça coordenadora do CAO, Daniele Crema da Rocha de Souza. “Explicamos porque os autistas agem de determinada maneira e convidamos os alunos a formarem uma rede de proteção interna nas escolas, de modo a acolher esses colegas”, acrescentou o procurador de Justiça Paulo Roberto Jorge do Prado, titular da Especializada na Defesa da Criança e do Adolescente.Paulo Prado iniciou a atividade explicando a atuação do MPMT na defesa dos direitos sociais e individuais indisponíveis. Na sequência, questionou se os estudantes sabiam o que era TEA e os fez refletir sobre o convívio e a aceitação das pessoas que possuem essa condição. “Algumas pessoas, incluindo adultos, que não conhecem o espectro autista ou que são preconceituosas, tratam mal os autistas e praticam bullying. Vocês acham isso correto?”, questionou.“Hoje, na Alcebíades Calháo, tivemos um momento muito especial. Percebi que as crianças estavam atentas, buscando informações e dispostas a criar entre elas um ambiente de apoio e acolhimento. A relação humana necessita de respeito, compreensão e solidariedade. Precisamos nos entender, nos conhecer e, acima de tudo, nos amar”, declarou Paulo Prado.À frente do projeto, a promotora de Justiça Daniele Crema explicou que o MPMT vai desenvolver ao longo do ano de 2025 o projeto “Conheça e Entenda o Autismo”, com palestras em escolas públicas e privadas de Cuiabá. “Nós iremos às escolas para conversar com a comunidade escolar sobre o transtorno do espectro autista. Nosso objetivo é levar informação e combater o preconceito, tornando o ambiente escolar mais acolhedor e empático”, declarou.No decorrer da palestra, Daniele Crema explicou o que é o TEA, os níveis de suporte, as características de cada um e como a comunidade escolar pode ajudar e acolher os autistas. Segundo ela, dados estatísticos recentes apontam que uma em cada 36 pessoas tem TEA. “O autismo é uma condição, que não tem cura, e não uma doença. Ele interfere principalmente em três áreas: capacidade de comunicação, interação social e comportamento”, informou, reforçando que cada indivíduo com autismo tem seu próprio conjunto de manifestações, tornando-o único dentro do espectro.Conforme o coordenador Bruno Novaes, a escola Alcebíades Calháo possui aproximadamente 740 alunos, sendo 15 com diagnóstico fechado de TEA. Grande parte deles possui professor de apoio pedagógico especializado. A professora Doralice Moura, da sala de recursos multifuncional (SRM) da escola, acredita que palestras como essa são fundamentais.“Quanto mais pessoas tiverem informações sobre o autismo, mais poderão observar seus familiares e ajudar na busca pelo diagnóstico. As palestras trazem à tona assuntos muitas vezes encobertos, ajudando-nos a verificar, observar e dar mais atenção a determinadas questões. Assim, surge o acolhimento, a compreensão e o entendimento, proporcionando uma melhor qualidade de vida para aqueles que sofrem com tanta exposição de si mesmos”, apontou Doralice Moura.Para o estudante Lucas Gabriel Montezuma, de 14 anos, a atividade foi esclarecedora. “Vocês nos ajudaram a entender melhor como tratar e conviver com autistas, e a compreender o que eles passam, o que sentem e como funciona um pouco a mente deles”, contou. Já a aluna Luiza Costa Camargo, de 13 anos, comentou que convive com um primo autista e que a palestra vai contribuir muito para esse relacionamento. “Eles falaram sobre o hiperfoco, como no caso do meu primo autista, que gosta bastante de tubarão. Isso nos ajuda a entendê-los melhor”, disse.A iniciativa do CAO conta com apoio da Procuradoria Especializada na Defesa da Criança e do Adolescente, da Ouvidoria-Geral e do Departamento de Tecnologia da Informação (DTI) do MPMT.
Fonte: Ministério Público MT – MT