Uma nova tecnologia desenvolvida por pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro) pode transformar o modo como o solo é preparado e tratado nas lavouras. A inovação consiste na incorporação de nanoargila (NC) e nanolignina (NL) ao amido termoplástico (TPS), com o objetivo de melhorar as propriedades físicas, químicas e térmicas do solo, promovendo mais eficiência no uso de recursos e contribuindo para a sustentabilidade no campo.
A técnica de mulching — ou cobertura do solo —, que ganhou popularidade entre agricultores a partir da década de 1950, tradicionalmente utiliza filmes plásticos para proteger a lavoura, conservar a umidade do solo e controlar ervas daninhas. No entanto, o uso de polietileno, material derivado do petróleo e de difícil degradação, resultou em impactos ambientais negativos, levando muitos produtores a adotarem soluções inadequadas para o descarte desses resíduos, como o enterramento ou a queima.
Diante dessas limitações, cientistas norte-americanos desenvolveram nos anos 1990 os chamados “termoplásticos biodegradáveis”, especialmente à base de amido — um biopolímero obtido de fontes vegetais como milho, mandioca ou batata. Quando plastificado, esse material torna-se flexível e moldável, oferecendo vantagens semelhantes às do plástico convencional, porém com a vantagem de ser biodegradável.
A nova pesquisa do INCT NanoAgro dá um passo além ao incorporar soluções nanotecnológicas ao amido termoplástico. Segundo Leonardo Fraceto, coordenador do instituto, o objetivo é ampliar as funções do TPS, adicionando propriedades de condicionamento do solo. “Os condicionadores são essenciais para o crescimento das plantas, saúde do solo e diminuição do uso de fertilizantes químicos. Nesse contexto, a nanotecnologia tem se mostrado uma aliada promissora”, explica o pesquisador.
O estudo, publicado pela editora científica Elsevier, contou com a colaboração de Jéssica Rodrigues, Amanda de Freitas, Henrique Vieira, Lívia Emidio, Stefanny Amaro, Mariana Azevedo, Iolanda C. S. Duarte, Vagner Botaro, Marystela Ferreira e o próprio Fraceto. O grupo investigou os efeitos da adição de nanoargila e nanolignina ao TPS, observando melhora na resistência à fotodegradação e estabilidade térmica do material.
Os resultados mostraram também maior capacidade de retenção de água no solo, absorção eficiente e liberação controlada de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, além de significativa redução da lixiviação de íons. A pesquisa identificou ainda atividade antimicrobiana do novo material, evidenciando seu potencial como condicionador de solo biodegradável.
Além dos testes laboratoriais, os pesquisadores aplicaram a tecnologia em cultivos reais de tomate cereja. Os resultados em campo confirmaram a eficácia do biopolímero modificado, promovendo melhor desenvolvimento das mudas em comparação a cultivos sem o uso do novo condicionador.
A inovação também representa ganhos econômicos para os produtores, ao permitir o uso de menores quantidades de insumos como fertilizantes e reduzir os custos operacionais. Ao aliar alta eficiência agronômica à sustentabilidade ambiental, a nanotecnologia desenvolvida pelo INCT NanoAgro apresenta-se como uma alternativa promissora para o futuro da agricultura.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio