Nova tarifa dos EUA pode gerar até R$ 1,1 bilhão em impostos ao setor de suco de laranja

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Impacto da nova tarifa pode chegar a R$ 1,1 bilhão por ano

Um levantamento realizado pela CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) aponta que a ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impondo uma tarifa adicional de 10% sobre produtos importados do Brasil, deverá gerar um impacto expressivo ao setor de suco de laranja brasileiro.

Com base nas estimativas da safra 2024/25 e em uma exportação anualizada de cerca de 235,5 mil toneladas para os Estados Unidos, a nova tarifa pode representar aproximadamente US$ 100 milhões por ano — o equivalente a R$ 585 milhões, considerando o câmbio de R$ 5,85 por dólar.

Esse valor se soma aos tributos já aplicados, como a tarifa de US$ 415 por tonelada de suco concentrado e congelado (FCOJ) com 66 Brix, que em 2024 somou cerca de US$ 85,9 milhões. Assim, o total de impostos pode atingir cerca de US$ 200 milhões anuais, ou aproximadamente R$ 1,1 bilhão.

Consequências devem recair sobre o mercado norte-americano

Apesar do impacto financeiro elevado, especialistas avaliam que a medida não deve comprometer de forma significativa a cadeia citrícola brasileira. Segundo Andrés Padilha, analista de mercado do Rabobank, os maiores reflexos devem ocorrer no lado norte-americano da cadeia produtiva.

“Serão as indústrias engarrafadoras dos Estados Unidos que terão que absorver esses 10% adicionais. Parte desse custo será reduzida das margens das empresas, e o restante será repassado aos consumidores por meio de aumentos nos preços finais”, explica Padilha.

Brasil segue como principal fornecedor global de suco de laranja

O analista destaca ainda que o Brasil detém uma posição estratégica no mercado internacional, o que reduz o risco de queda nas exportações. “O Brasil é responsável por 75% do suco de laranja industrializado comercializado no mundo. Assim, tanto os Estados Unidos quanto a Europa continuam dependentes da nossa oferta. Além disso, mesmo com a nova tarifa de 10%, ainda somos mais competitivos do que o México, que enfrenta tarifas de 25%”, completa.

Cenário de baixa oferta favorece o produtor brasileiro

Para o citricultor Tonny Simonetti, o aumento dos impostos não deve gerar grandes prejuízos ao setor. “Acredito que haverá algum impacto, mas não será comparável ao de outras commodities. Estamos vivendo um momento de escassez global de produto, com os menores estoques da história. Isso nos coloca em uma posição confortável, com margem para continuar produzindo e abastecendo o mercado mundial”, avalia.

Alerta para possíveis ajustes na demanda global

Apesar do cenário relativamente favorável para o Brasil, o mercado permanece atento a eventuais mudanças na demanda internacional, sobretudo diante de um contexto econômico ainda incerto. “Como o momento não é de forte demanda global, há possibilidade de algum impacto no futuro”, conclui Padilha.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio