O futuro do setor de insumos no Brasil: desafios e oportunidades

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O setor de insumos agrícolas no Brasil passou por mudanças significativas em 2024, impactado por desafios climáticos, reconfiguração da distribuição e o crescimento de novos modelos de negócios. Em entrevista à AgroPages, Renato Seraphim, professor e membro do conselho do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), avaliou essas transformações e suas implicações para o futuro do agronegócio brasileiro. Segundo ele, a consolidação excessiva do setor mostrou-se falha, levando diversas empresas a dificuldades financeiras e reforçando a centralidade do produtor rural nas estratégias de sucesso.

Um dos episódios mais marcantes do ano foi a recuperação judicial da AgroGalaxy, que evidenciou o colapso de um modelo de expansão baseado na priorização do EBITDA em detrimento da gestão eficiente do fluxo de caixa. Para Seraphim, a desconexão com as reais necessidades dos produtores e a alta rotatividade de lideranças sem experiência no setor foram fatores determinantes para a crise de grandes distribuidoras.

“A frequente troca de lideranças, muitas vezes ocupadas por executivos sem profundo conhecimento do mercado, e a elevada rotatividade das equipes comerciais agravaram a situação. O crescimento acelerado foi impulsionado mais por ambição do que por demanda real, o que resultou em grandes desafios. Esses erros reforçam a importância de alinhar estratégias às reais necessidades do agro e de manter um modelo de negócio centrado no produtor”, ressalta o especialista.

Outro aspecto relevante foi a expansão do mercado de insumos biológicos, impulsionada pela busca por soluções sustentáveis. No entanto, Seraphim alerta que a baixa barreira de entrada no setor gerou um cenário de qualidade irregular, tornando a diferenciação e a confiabilidade fatores determinantes para o sucesso das empresas.

“Os players que desejam se destacar precisarão investir em pesquisa e desenvolvimento, consolidar relações de confiança com resultados consistentes e manter padrões elevados de qualidade. Quem não buscar diferenciação ou priorizar apenas ganhos de curto prazo enfrentará dificuldades”, avalia.

Para Seraphim, a chave para um modelo sustentável no Brasil está no retorno ao essencial. “O segredo é estar próximo do cliente, manter uma rotina consistente e compreender que o agricultor segue um ciclo simples: investigação, planejamento, uso de produtos e análise dos resultados. Nem sempre os resultados serão positivos, mas é fundamental apoiar o produtor em qualquer cenário. Em resumo, o modelo de negócio mais sustentável é aquele que valoriza a expertise local, a proximidade com o cliente, a gestão eficiente de riscos e o suporte contínuo ao produtor. Quem adotar esses princípios certamente prosperará”, conclui.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio