Relatório Agro Mensal do Itaú BBA: Exportações e Oferta de Gado Impulsionam Preços do Boi

0
16
Aumento dos preços do boi gordo e do bezerro

O primeiro trimestre de 2025 apresentou uma oferta robusta de gado, mas com preços do boi e da carne mais pressionados. No entanto, entre março e abril, as cotações começaram a subir, impulsionadas pela redução das escalas de abate e pelo bom ritmo das exportações. No mercado paulista, o preço do boi gordo passou de R$ 310/@ no final da primeira quinzena de março para R$ 326/@ em meados de abril, uma alta de 5,3%. O bezerro no Mato Grosso do Sul também acompanhou essa tendência, alcançando R$ 2.825/cabeça em 16 de abril.

Apesar da elevação no preço do boi gordo, a relação de troca entre boi e bezerro não mostrou melhora significativa para os terminadores. Isso significa que, embora o preço do boi tenha subido, os custos do bezerro permaneceram elevados.

Carcaças e spreads dos frigoríficos

Os preços das carcaças no atacado também acompanharam o movimento de alta, sustentando um spread razoável para os frigoríficos. Na primeira quinzena de abril, o spread foi de 6,9%, superior aos 6,5% registrados em março de 2025 e 6,7% em abril de 2024. Isso reflete a boa performance do mercado interno e a margem de lucro dos frigoríficos, que continuam beneficiados pela venda de carne para o mercado interno.

Abates no Mato Grosso e exportações em alta

Em relação à oferta de gado para abate, os dados de abates de março no Mato Grosso mostraram uma leve queda, com 547 mil cabeças abatidas, representando uma redução de 5% em comparação ao mesmo mês de 2024. No entanto, no acumulado do primeiro trimestre de 2025, os abates aumentaram 1%, impulsionados principalmente pelo abate de fêmeas, que registraram alta de 10% no período.

As exportações, por sua vez, continuaram a desempenhar papel crucial. Em março de 2025, o Brasil exportou 215 mil toneladas de carne bovina in natura, uma alta de 26,6% em relação a março de 2024. No acumulado do primeiro trimestre de 2025, o crescimento foi de 11,4%. Os principais destinos mantiveram-se os tradicionais, como a China (responsável por 50% das exportações), com um aumento de 11% em comparação ao primeiro trimestre de 2024; os Estados Unidos, com alta de 70%, e o Chile, que ampliou suas compras em 28%.

Perspectivas para o boi gordo

Apesar da boa oferta de gado para abate, o cenário para o boi gordo continua favorável, com apoio das exportações e da manutenção de preços firmes das carcaças no mercado interno. A maior preocupação, no entanto, está voltada para os confinamentos com entregas previstas para a safra de maio e junho, quando a oferta de gado tende a aumentar. Mesmo com margens positivas projetadas, é necessário ter atenção à estratégia de proteção de risco de preços, considerando a possível elevação da oferta nesse período.

Recuperação nos contratos futuros e impactos das tarifas adicionais

Antes da melhora recente nos preços do boi, os contratos futuros já apresentavam sinais de recuperação. Mesmo diante da frustração com a não abertura do mercado japonês após a visita presidencial, os contratos futuros se mantiveram firmes, demonstrando o vigor das exportações brasileiras, mesmo sem a potencial abertura de novos mercados.

O contrato futuro com vencimento em junho de 2025 teve um aumento de R$ 8/@ em comparação com o fechamento de 16 de março. Já para a entressafra, o contrato de outubro negociava a R$ 348/@, R$ 5/@ acima do fechamento de 17 de março. Com esses preços, os resultados projetados para os confinamentos mostram margens positivas, com valores passando de R$ 150/@ em maio (período de milho caro e boi mais barato) para R$ 680/cabeça em outubro no Mato Grosso.

Em relação à tarifa adicional de 10% sobre a carne bovina brasileira destinada aos Estados Unidos, espera-se que a competitividade do Brasil se mantenha favorável, especialmente frente à Austrália, que também enfrentará a mesma tarifa. Além disso, a menor produção de carne nos Estados Unidos para este ano tende a beneficiar as vendas brasileiras, embora a possibilidade de exportações adicionais para outros países, como Japão, México e Coréia do Sul, dependa da decisão sobre tarifas, por ora adiadas.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio