A partir de abril, a Hedgepoint Global Markets passou a incluir o mercado global de cacau em seu portfólio de análises periódicas. A nova cobertura tem como objetivo oferecer uma leitura estratégica sobre riscos, tendências e impactos econômicos que afetam a cadeia produtiva da commodity, em um contexto de alta volatilidade.
O lançamento das análises ocorre em um momento sensível para o setor. Na última semana, o anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de novas tarifas comerciais gerou reações imediatas nos mercados internacionais. Após atingir a maior alta em quatro semanas, o preço do cacau recuou significativamente, refletindo o aumento da instabilidade.
Na terça-feira, os contratos futuros de cacau com vencimento em maio de 2025 registraram queda de 3,8% na bolsa de Londres e 3,7% na de Nova York. Esse movimento representou uma correção após o período de forte valorização, ao mesmo tempo em que investidores começaram a precificar os possíveis efeitos das novas tarifas sobre o fluxo comercial da commodity.
Caso as tarifas se mantenham, o setor projeta mudanças importantes nas rotas de comercialização e nas estruturas de processamento, com compradores norte-americanos em busca de alternativas mais viáveis economicamente. Essa reorganização pode provocar uma redução nas atividades de moagem nos Estados Unidos, gerando pressão adicional sobre os preços domésticos do cacau nos próximos meses.
Uma das possibilidades discutidas pelo mercado seria o redirecionamento das amêndoas para países vizinhos aos EUA — como Canadá, México, Brasil e Gana — que possuem tarifas mais baixas e capacidade instalada para processamento. A estratégia visa atender à demanda norte-americana por amêndoas, manteiga, licor e pó de cacau a partir de origens alternativas.
A perspectiva de queda na moagem norte-americana se soma aos temores de desaceleração econômica no país, ampliando as preocupações com uma possível recessão. O setor também vê riscos de retração na demanda global por cacau, especialmente após os preços da amêndoa alcançarem níveis historicamente elevados no início de 2024.
O chamado “Dia da Libertação” — marco simbólico das novas tarifas — acrescenta mais um fator de pressão em um mercado já operando sob forte volatilidade. A queda recente nos preços veio na esteira de uma valorização impulsionada por expectativas de quebra na safra intermediária da Costa do Marfim (abril a setembro de 2025) e pela revisão negativa da produção em Gana, os dois principais produtores mundiais da commodity.
Apesar dos fundamentos de oferta mais restrita, analistas apontam para uma tendência de baixa no médio prazo, impulsionada por sinais de normalização da chegada de cacau aos portos, melhora nas condições climáticas na África Ocidental — com aumento das chuvas — e, principalmente, pelo desaquecimento da demanda global.
Com isso, o acompanhamento da Hedgepoint deve contribuir com insights valiosos para agentes do setor em um cenário marcado por incertezas geopolíticas, desafios logísticos e crescente necessidade de gestão de risco.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio