A partir da próxima semana, a União Europeia aplicará tarifas compensatórias sobre o milho importado dos Estados Unidos, uma medida que deverá interromper o forte fluxo do grão para o bloco e elevar os custos para compradores que buscam insumos alternativos destinados à alimentação animal. A soja, por ora, permanece fora do impacto imediato, mas também está na mira da taxação.
As novas tarifas, que entram em vigor em 15 de abril, incluem uma alíquota de 25% sobre o milho norte-americano, em resposta às taxas impostas pelos EUA sobre o aço e o alumínio europeus. A soja, embora importada em volumes consideravelmente maiores pela UE, será tarifada apenas a partir de 1º de dezembro, o que dá tempo para possíveis ajustes comerciais.
O milho é utilizado principalmente na Europa para a alimentação de bovinos, suínos e aves. Com as novas tarifas, representantes do setor afirmam que o produto dos EUA deve perder espaço no mercado europeu, onde vinha sendo adquirido em larga escala devido à competitividade dos preços.
Entre 1º de julho de 2024 e 6 de abril de 2025, a União Europeia importou 3,4 milhões de toneladas métricas de milho norte-americano — um salto expressivo frente às 114 mil toneladas registradas no mesmo período do ano anterior. Esse avanço tornou os Estados Unidos o segundo maior fornecedor do bloco, atrás apenas da Ucrânia, superando inclusive o Brasil.
Com a nova barreira comercial, os importadores europeus ainda poderão recorrer à Ucrânia e ao Brasil como fontes alternativas. No entanto, os preços desses mercados estão atualmente mais elevados do que os dos EUA e podem subir ainda mais até a chegada da nova safra brasileira, prevista para julho.
“Vejo essa questão como um aumento de custo, não de escassez. Há alternativas no Mar Negro e na América do Sul, mas estimo que o custo adicional para os importadores de milho será de pelo menos US$ 6 a US$ 7 por tonelada”, afirmou um trader europeu.
A Federação Europeia dos Fabricantes de Rações (FEFAC) estima que as tarifas sobre ingredientes para rações possam elevar os custos do setor em até 2 bilhões de euros. A entidade defende que a União Europeia utilize os critérios de importação como uma forma de ampliar o comércio com os Estados Unidos, em vez de aplicar medidas que afetem a cadeia produtiva.
A Espanha tem liderado as importações de milho dos EUA nesta temporada, incluindo uma recente compra de 240 mil toneladas, confirmada pelo governo norte-americano na última terça-feira.
Apesar das preocupações, representantes da indústria expressaram alívio pelo fato de que alguns insumos importantes, como o farelo de soja, ficaram de fora da lista de tarifas. “Foi um alívio, mas ainda estamos preocupados com a lisina”, afirmou Stephane Radet, diretor-geral da associação francesa da indústria de rações SNIA. A substância, utilizada como aditivo alimentar, pode ser duplamente afetada, já que enfrenta tarifas antidumping aplicadas pela UE sobre a versão importada da China.
Já em relação à soja, a tarifa programada para entrar em vigor em 1º de dezembro levanta maiores preocupações, uma vez que os Estados Unidos são o maior fornecedor do grão para o bloco, com exportações superiores a 5 milhões de toneladas anuais. No entanto, a data postergada é vista por traders como uma chance para avanços diplomáticos e continuidade do comércio com os EUA, especialmente enquanto a China — principal importadora global — mantém o foco nas aquisições de soja brasileira.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio